terça-feira

31

agosto 2004

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O Globo On Line, 31/08/04

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Durante a viagem para os EUA e Inglaterra para fazer o documentário “Dub Echoes”, escrevi uma coluna no Globo On Line, espécie de diário de bordo atualizado sempre que possível.

Essa foi a quinta entrada.

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Ingla is a bitch

A principal preocupação antes de viajar pra Inglaterra era arrumar onde ficar. Tudo por aqui é caro demais. Acabei conseguindo ficar uns dias na casa de uns amigos da Chris Magnavita, ex-colega de MTV. Primeiro na casa do Marcelo, o cara que comanda a comunidade brazuca aqui em Londres através do seu restaurante, o Brasil by Kilo, que aos poucos vai se transformando num centro de cultura brasileira. O prédio de seis andares tem locadora de filmes nacionais, comidas típicas, internet cafe, serviço completo. Quando estão na área, Marky e Patife sempre dão as caras. Depois, foi a vez do Joao hospedar a equipe.

Logo no primeiro dia, três entrevistas foram feitas, começando pelo Mad Professor. O dubman deve pintar no Brasil ainda esse ano para promover sua versão psicodélica do disco “Tranquilo”, do “Marcelino de Lua”, como ele fala. Depois, Kode 9, do coletivo Dubstep, falou sobre as raízes jamaicanas do UK Garage.

Pra fechar, Steve Barrow, um dos chefões da Blood and Fire, principal selo de relançamentos de reggae. Barrow, autor de livros como a bíblia “Rough Guide to Reggae”, tambem é conhecido como o maior colecionador de compactos do estilo, guardando cerca de 9 mil bolachas, organizadas em ordem alfabética, em um dos quartos de sua casa.

No dia seguinte, foi a vez de conhecer o responsável pela Congo Natty, gravadora especializada em jungles rastas até não poder mais.Totalmente em harmonia com sua filosofia, o sujeito nos buscou na estação de trem vestindo um uniforme da Etiópia e falou bastante sobre as mensagens rastafaris das suas músicas e de como isso pode ajudar a empurrar os jovens pra bem longe de lixos pop. Durante a entrevista ele ficou só de cueca e camiseta. Surreal.

Os festivais de verão ainda não acabaram, esse final de semana ainda tem Reading Festival, Leeds, Creamfields e Notting Hill Carnival, o que significa dizer que praticamente todos os artistas do mundo estão ou estarão em Londres por esses dias. Foi durante o ensaio para o Reading que o Roots Manuva falou para o documentário. Talvez em nenhum outro som a fusão entre hip hop e dub feita pelo Roots Manuva saia tão bem e o assunto, claro, foi exatamente isso.

Já Howie B, produtor, entre outras coisas, de “Drum and bass stripped to the bone”, estrelando os riddim twins Sly & Robbie, falou da cena eletrônica como um todo. À vontade na propria casa, Howie defendeu a repetição da música eletrônica e ainda deu a receita ideal para transformar alguem num fissurado em dub: amarre-o pelado em um sofá, raspe todos os pêlos do seu corpo e depois jogue queijo parmesão em cima. Segundo ele, é batata, o sujeito vira dubhead na hora. O resto do papo gravitou nesse mesmo nível de insanidade, com muitas boas declarações.

Semana corrida, agora é visitar o Audio Bullys e David Katz, outro estudioso do assunto. E esses são só os primeiros dias.

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