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junho 2016

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O Globo (junho, 2016)

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O Globo - Brasil - Primavera Sound 2016

Cobertura do Primavera Sound Barcelona 2016 que escrevi para o Globo.

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Porque é primavera
Em sua 16ª edição, festival reuniu 200 mil pessoas ao longo de cinco dias e teve um show pouco surpreendente do Radiohead,principal de suas 130 atrações
por Bruno Natal

BARCELONA — Ano após ano, o Primavera Sound, em Barcelona, vem conquistando uma reputação que o bota em destaque na temporada de verão do Hemisfério Norte. Em 2016, desde o anúncio da escalação, o festival despontou talvez como o mais aguardado do ano. O crescimento não é repentino. Em seu 16º ano, o Primavera Sound passou de um público de 8 mil pessoas na primeira edição para 200 mil na que se encerrou no domingo, com gente de 124 países, segundo a produção do evento.

Entre as 130 atrações, com destaque para o rock e o pop, apresentaram-se Radiohead, Tame Impala, Brian Wilson, LCD Soundsystem, The Last Shadow Puppets, PJ Harvey, Air, Beirut, Goat, Action Bronson, Alex G, Andy Shauf e Nao. Representando o Brasil, os grupos O Terno, Aldo The Band e Inky tocaram num palco secundário, com público diminuto, porém atento.

Embora o foco principal esteja nos três dias de música no Parc Del Forum, espaço de exposições na orla barceloneta, o Primavera Sound teve duração de cinco dias, com mais shows em outras partes da cidade, como o Beach Club, casas de shows e os museus MACBA e CCCB – alguns deles gratuitos, como contrapartida ao investimento oficial da prefeitura local. Além dos shows, houve também o encontro PrimaveraPro, com 3.500 cadastrados para assistir a palestras e oficinas de profissionais da música.

RADIOHEAD: POUCAS MÚSICAS DO NOVO CD

Principal atração, o Radiohead fez um show correto – o que, no parâmetro da banda, é algo grandioso. O Primavera parou para receber o grupo, reunindo praticamente todos os presentes no espaço dos palcos principais.

Mesmo em turnê do novo disco, quem esperava ouvir o trabalho na íntegra teve que se contentar com apenas quatro músicas de “A moon shaped pool’’. O cenário, sempre um dos destaques dos shows dos ingleses, desta vez não surpreendeu, parecendo uma variação do que se viu nas turnês de “In rainbows’’ (nos telões) e “King of limbs” (nas luzes de palco). O repertório da banda, porém, garantiu o espetáculo e a alegria dos fãs.

O LCD Soundsystem, de volta da aposentadoria cinco anos após anunciar seu fim, tampouco surpreendeu. Sem músicas novas, fez um show idêntico ao da última turnê, como se tivesse parado no tempo – com tudo que há de bom e de ruim nisso. O Tame Impala impressionou pela quantidade de pessoas que arrastou para o segundo palco principal, tornando difícil conferir a apresentação. Além da lotação, os australianos enfrentaram problemas com o equipamento de som, que sofreu um apagão em dado momento.

Apesar da boa qualidade do que se ouvia, houve reclamações quanto ao volume baixo, principalmente nos palcos principais, assim como problemas técnicos que afetaram também os shows de Steve Gunn, Action Bronson e do diretor cult John Carpenter, fazendo a segunda apresentação de sua vida tocando trilhas de seus filmes.

PRÓXIMA PARADA É PORTUGAL

Ao contrário de festivais em localidades mais distantes ou em parques, o Primavera aconteceu no meio de Barcelona e foi totalmente urbano. A área é toda concretada e há muitas ladeiras e escadas, o que torna as caminhadas de um palco a outro pouco agradáveis. Apesar de a noite cair apenas às 22h, o festival começou tarde, no fim do dia. Estranhamente, algumas atrações de som mais lento e contemplativo, como Beach House e os islandeses do Sigur Rós, foram escaladas de madrugada, atrapalhando um pouco o andamento.

Revelação do jazz, o saxofonista Kamasi Washington foi um dos destaques, num show avassalador com sua big band no belo auditório fechado que faz parte do Primavera Sound. Comemorando 50 anos do disco clássico “Pet sounds’’ do seu Beach Boys, Brian Wilson fez um show emocionante no fim de tarde. Os grupos africanos Mbongwana Star e Orchestra Baobab garantiram o suingue, também reunindo bastante gente num dos palcos mais bem localizados, um anfiteatro na beira do mar.

Neste fim de semana tem repeteco, em versão menor, o NOS Primavera Porto, em Portugal, mostrando que as ambições do festival são grandes.

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