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fevereiro 2005

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O Globo, 11/02/2005

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Matéria sobre o o robô grafiteiro que escrevi para o Rio Fanzine (O Globo).

Insatisfeito com o que considera uma “monocultura visual causada pelo uso das mesmas técnicas e dos mesmos programas de computador por designers do mundo todo”, o suíço Jürg Lehni decidiu criar uma ferramenta que tivesse uma estética própria e diferente. Algo que produzisse imagens únicas, mesmo quando feitas em série. Assim nasceu Hektor, o robô grafiteiro.

A máquina funciona como uma espécie de impressora. No entanto, diferentemente das irmãs, o robô não é tão preciso porque utiliza a tinta em spray, uma ferramenta desenvolvida para o homem. O mecanismo da máquina é composto por um suporte que dispara o spray, conectado a dois motores por meio de correias dentadas. Os motores são fixados nos cantos superiores da parede e a posição da lata é controlada pela alteração do comprimento das correias.

Esses movimentos são calculados por um computador que se comunica com a máquina através de um software desenvolvido pelo próprio Lehni. O programa lê arquivos digitais e define a trajetória que o Hektor deve seguir para reproduzir a figura na parede com o spray.

Os movimentos, apesar de precisos, não são totalmente controlados, e o efeito final varia de acordo com cada caso. Exatamente o que Lehni buscava.

— As imperfeições do spray e as diferentes superfícies fazem com que nunca se tenha total domínio da situação. O Hektor sempre nos surpreende — diz Uli Franke, engenheiro elétrico responsável pela parte mecânica da máquina.

Devido a essas sutilezas, Hektor rapidamente passou a ser visto como uma instalação de arte, motivando convites para performances em galerias na Suíça, na Alemanha e na Holanda. As imagens escolhidas pela dupla para serem reproduzidas pela máquina geralmente são aquelas impossíveis de ser feitas à mão. Baseadas em círculos perfeitos, tipografias e outras formas geométricas, elas geram um resultado ambíguo: um grafite de traço muito preciso para ter sido feito por um homem e imperfeito demais para ter sido realizado por uma máquina.

Embora o mundo das galerias seja sedutor, esse não foi o objetivo que inspirou a criação da máquina. Sem fugir do espírito grafiteiro, uma das maiores preocupações da dupla era que o equipamento fosse compacto e tivesse como ser alimentado de forma independente, possibilitando ataques a lugares remotos e experiências de campo. Porque, como se sabe, lugar de grafite é em algum muro na rua.

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