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outubro 2007

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O Estado de São Paulo, 22/10/2007

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Matéria sobre a cantora Cibelle que escrevi para o caderno Link, do jornal O Estado de São Paulo.

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Com a web, ‘sou cantora do mundo´

FIM DO BAIRRISMO – Segundo a cantora, que se apresenta esta semana no Rio e em São Paulo, artistas todos se misturam hoje em espaços virtuais, como o site de relacionamentos MySpace e o site de vídeos YouTube

Não é novidade que a relação entre música e internet hoje é tão próxima quanto um dia foi a do disco de vinil e da vitrola. Mas, se para bandas como Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê, as ferramentas online ajudaram na construção de carreiras internacionais, no caso da brasileira radicada em Londres Cibelle o caminho tem sido o inverso. A rede tem ajudado a cantora a se aproximar do Brasil.

A cantora reduz a distância entre Inglaterra e Brasil com a ajuda da tecnologia. “Tinha webcam antes de virar essa moda”, diz. “Durante muito tempo eu acordava de manhã, ligava pra minha mãe e falava ‘Estou botando o ovo pra ferver’ e ela dizia ‘Tá bom, eu te aviso quando for pra tirar’. E ficávamos conversando como se estivéssemos no mesmo ambiente. Faço isso também com amigos que moram a um quarteirão de casa, em Londres.”

A cantora fez recentemente seu primeiro show no Brasil no festival recifense Coquetel Molotov. Amiga de artistas como Devendra Banhart, CocoRosie e Seu Jorge, Cibelle retorna esta semana como uma das atrações do TIM Festival. Ela se apresenta na sexta-feira, no Rio, e no sábado, em São Paulo.
Com uma carreira consistente na Europa, a paulistana é praticamente uma desconhecida em sua própria terra. Enquanto isso, seu segundo disco, The Shine of Dried Electric Leaves, lançado pela Crammed Records, mesma gravadora de Bebel Gilberto, arrancou elogios da imprensa internacional.

“Ninguém queria meu disco no Brasil. Saiu no mundo todo. Para eu sobreviver, não fazia sentido ficar. Não teria como fazer turnê na Europa, Ficaria muito caro. Era mais fácil eu morar no lugar mais central possível no planeta, que me possibilitasse viajar para qualquer país por um preço decente. Vim pra Londres.”

Sua voz suave segue a tradição das grandes intérpretes da MPB. Pupila do produtor iugoslavo Suba (morto em 1999) e principal cantora do cultuado disco São Paulo Confessions, lançado por ele, Cibelle também é multi-instrumentista. Além de tocar violão e piano, é chegada em traquitanas eletrônicas, como a mesa de efeitos Kaos Pad ou pedaleiras de guitarra, além de experimentar com instrumentos musicais de brinquedo, dando personalidade para a sua mistura de música brasileira, folk e eletrônica.

“Sou viciada em línguas. Inicialmente, eu iria para Paris. Aprendi a falar francês online, com gente que conheci num programa chamado CU- SeeMe. Ficava o dia inteiro falando francês com as pessoas pelas camerazinhas. Mas vim mixar o disco em Londres e fiquei.”

A internet virou uma aliada vital na carreira. “Antes, tinha aquele lance da sua gravadora querendo te vender desse ou daquele jeito. Com a internet, todo mundo tem página no YouTube, MySpace. Você quer falar comigo? Passa na minha página, que eu mesma fiz.”
Para ela, a internet fez maravilhas pela música. “Músicos do mundo inteiro não ficam mais só com a galerinha do seu país. Está todo mundo misturado no MySpace, no iChat. Reencontrei um amigo que não via há um tempo assim, comentando sobre o disco dele com alguém no iChat que, por acaso, também estava falando com ele.”

Para ela, umas da principais qualidades do MySpace é a comunicabilidade. “Outro dia um amigo alemão me mandou uma faixa do Dirty Projectors, que é uma banda que eu estou apaixonada. Fui no MySpace deles e mandei uma mensagem falando que tinha ouvido e achado incrível, o som fabuloso, e eles responderam dizendo ‘Nossa, adoramos seu som também. Estamos indo pra Londres tocar daqui a pouco’. Acabamos nos encontrando. Acabou o bairrismo musical. Agora o seu bairrismo é o seu som, talvez.”

E não é só a rede que atrai Cibelle em termos de tecnologia. “Câmera digital, filmadora… Tenho tudo. E iPod faz parte do kit sobrevivência”, afirma. “Tenho essa teoria de que, quando estou ouvindo música bem alto, fico invisível, vejo tudo como se estivesse fora da cena e as pessoas se mexem na batida da música.”
Os amigos falam até que ela tem “ansiedade tecnológica”. “Estou com um telefone novo, um Nokia N95, e, no dia em que comprei, não dormi”, conta.

Apesar de afirmar que sua “vida inteira é pela web, sempre online”, Cibelle faz ressalvas. “Acho que todo mundo tem de ser informado, mas não muito”, explica. “Senão fica com muita idéia na cabeça e idéia formada não é legal. Legal é você ouvir as coisas, pensar no assunto e concluir o que você acha. Gosto de ser meio informada.”

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