segunda-feira

5

fevereiro 2007

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Nem lá, nem cá

Written by , Posted in Resenhas

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A volta dos Mutantes dividiu opiniões. Se por um lado a ausência de Rita Lee nos vocais foi muito questionada, por outro foi um chance de novas gerações terem ao menos o gostinho de ver os irmãos Sergio e Arnaldo Dias Baptista no palco.

A platéia do primeiro show aberto ao público no Rio desde o retorno da banda — antes houve uma gravação especial para o Fantástico no Garden Hall e uma apresentação no auditório do jornal O Globo — serve como medida. Não havia gente suficiente para se gabar de uma lotação esgotada, tampouco estava tão vazio que pudesse ser considerado um fracasso.

Quem topou a experiência, sem expectativas exageradas de voltar aos anos 70, saiu satisfeito. Arnaldo fantasiado de anjo e Sergio vestindo uma capa de general, enfileiraram sucessos dos Mutantes, como “Baby”, “Top top”, “Tecnicolor”, “Cantor de Mambo”, “Minha menina” ou “El Justiciero”, fizeram citações a Lula e a Hugo Chavez e promoveram alguma psicodelia, ainda que ensaiada.

Mais do que a ausência de Rita Lee, o som limpinho da banda de apoio, que em nada lembrava os relatos das alucinações promovidas pelos Mutantes originais, foi o que mais destoou

É o velho dilema. Ou a banda repete o que fazia em sua época áurea e corre o risco de ser tachada de teatral e falsa (vide Iggy and The Stooges), ou tenta se adaptar aos novos tempos e, geralmente, é chamada de mercenária. Difícil sair dessa, mas apresentar material novo pode ajudar a contar pontos à favor.

O grande desfalque desse retorno foi substituída por Zélia Duncan. Para quem não teve a chance de ver os Mutantes “de verdade”, a atuação apagada de Zélia deixa no ar a pergunta: será que o papel de Rita era tão secundário assim? A respostá é óbvia (claro que não!) e foi confirmada pelo sujeito que me acompanhava, meu pai, sobrevivente de ácidos shows do grupo décadas atrás.

“Balada do louco” foi uma das mais ovacionadas pela platéia, demonstrando muito carinho por Arnaldo, tocando um teclado tão baixo que mal se ouvia. Já “Ando meio desligado”, cantada em sua versão em inglês (“I feel a little spaced out”), foi na contra-mão do coro do público, que insistiu até a música ser cantada em português por Zélia.

No bis, os Mutantes voltaram com “Bat macumba” e “Panis et circencis”. Não faltou nada. Só mesmo a Rita Lee, uma máquina do tempo e algumas gotas de qualquer coisa.

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