"Muita falta de anti-profissionalismo dub"
Written by urbe, Posted in Urbanidades
Apesar de ter achado o show do Nouvelle Vague no Jockey, ano passado, bem fraco, resolvi seguir a dica do Kassin e ir conferir a apresentação de uma das integrantes da banda, Camille, no Teatro Odisséia. A fonte era segura, assistiu ao show do Abril Pro Rock e dizia que a banda era bem diferente da que tocou aqui antes. Valeria a pena assistir só pelo cara que toca bumbo, caixa e pratos com os pés, teclado com as mãos e faz beat box.
Nas últimas semanas, em seu blog, Jamari França vem cutucando a questão da situação caótica da cena independente carioca. Convidou várias pessoas da área pra darem opinião. O produtor Bruno Levinson (Humaitá pra Peixe) questionou “o que está acontecendo com o público carioca?”, a assessora de imprensa do Circo Voador Julia Ryff falou da (sub)cultura VIP, o empresário do Paralamas José Fortes e a produtora Maria Juçá reclamaram das carteirinhas. Todos com muita propriedade, diga-se.
Porém, nota-se que, até agora, os problemas recaem sobre o público. Está faltando falar do lado de lá do balcão, das bandas, dos produtores, das casas. Dos preços abusivos, estruturas precárias, som ruim, mal atendimento, não cumprimento dos horários (problema cronico), bebidas caras (R$5 uma lata de cerveja?)…
Todos esses fatores podem ser resumidos a um só: credibilidade, com a qual a cena carioca conta cada vez menos. Quem quer pagar, o valor que seja, pra se mal atendido, pra ver shows ruins em esquemas lambões? O público frequenta o que é bom, não tem jeito. Não tem essa de “dar um força a cena alternativa”, isso é coisa pra meia dúzia. O público em geral quer serviço bem prestado, da bilheteria ao palco. Está, aliás, corretíssimo.
A Nuth, boate na Barra, cobra (da última vez que ouvi falar) R$60 de entrada. E se tem quem pague, não é apenas porque é a “boate da moda”, “de playboy” e “fillhinho de papai”. Paga porque, não apenas se indentifica com aquela cena, mas certamente porque tem suas expectativas atendidas.
O circuito alternativo é, como bem diz o nome, uma opção a cultura dominante, seja pelo preço, seja pela estética. Entretanto, ser uma opção não é justificativa pra ser desorganizado. Sabe-se que falta dinheiro, falta incentivo, falta bastante coisa. Mas não tem como ser diferente, primeiro o bom evento, depois o público. Não dá certo se for ao contrário.
Pra ilustrar a bagunça, voltemos ao show da Camille. Chegando ao Teatro Odisséia, começou a chover e as cerca de 20 pessoas que estavam do lado de fora ficaram tomando água na cabeça.
Quem já foi ao Odisséia, conhece a fila pra entrar. Normalmente, dois funcionários atendem a mesma pessoa e demoram bastante até conseguir encontrar nomes em listas e preencher as cartelas, um sistema arcaico que só serve pra gerar confusão — com fila pra entrar e pra pagar na hora de sair. Ontem até que as cartelas poderiam, finalmente, vir a calhar.
Quando finalmente consegui chegar a parte coberta, um funcionário da casa chegou na porta, perguntando se faltava muita gente pra entrar. Vendo o fundo da casa vazio, sugeri que se transferisse a fila pro lado de dentro, já que do lado de fora não havia cobertura e a chuva apertava. A resposta, gentil, foi essa:
— Você está querendo me ensinar a fazer o meu trabalho?
Mesmo pensando que, sim, talvez isso fosse necessário, disse que não.
Ele poderia, por exemplo, em vez de ficar perguntando se tinha muita gente do lado de fora, sentar e ajudar a preencher as cartelas mais rápido. Poderia também deslocar os dois seguranças que tomavam chuva, de terno, para o lado de dentro e coordenar uma fila no seco.
Afinal, pra que servem as cartelas, não é pra consumir e servir como passe de saída no final da noite? Então, que mal faria botar as pessoas do lado de dentro, visto que elas não poderiam; a) consumir sem pagar, já que não tinham cartelas; b) não poderiam deixar a casa sem a pagar a entrada, pois teriam que apresentar a cartela para sair?
Isso pra não entrar no mérito da “delicadeza” no fino trato com o público pagante. Mas, pra simplificar, disse que não, não queria lhe ensinar o ofício. Queria apenas ver o show, que estava começando.
— As pessoas estão se molhando lá fora à toa, tem espaço aqui dentro.
— Você está querendo mandar no meu trabalho?
— Não. É apenas uma sugestão. Que absurdo isso! Quando entrar vou procurar o dono pra reclamar do seu comportamento.
— Pode procurar!
— Que babaca, cara…
Ele ameaçou:
— Olha, não fica falando muito não se não eu te expulso.
— O que? Você vai me expulsar? Toma essa cartela aqui, meu irmão, vou nessa.
Fui embora. Simplesmente me recuso a entrar num lugar em que sou tratado dessa maneira. Pagando R$20 então, pior ainda. Os dois amigos que estavam comigo também foram embora, totalizando o prejuízo para casa em R$60, sem falar nas cervejas. Depois reclamam de grana.
Obviamente, apesar de ser um exemplo real, é ilustrativo. Não significa que todos os lugares sejam assim. Mesmo porque cada local tem suas particularidades e seus problemas. No entanto, eles estão lá, são muitos e pedem solução.
Não pode ser coincidência o fato de a cena independente em São Paulo — uma das cidades com a melhor prestação de serviços no mundo — estar indo tão bem, enquanto, no Rio, casas fecham, o público mingua e a cidade está, pouco a pouco, sendo excluída do circuito de bandas nacionais e internacionais.
Fico pensando no tipo de solução que normalmente é apresentada nessas situacoes: “o funcionário foi demitido”. Isso não resolve nada e nem é o objetivo aqui (e exatamente por isso, não revelo o nome da pessoa). É preferível mil vezes que esse funcionário — ou qualquer outro — seja treinado para lidar com o público, pedir desculpas pela desorganização, ser minimamente educado. Afinal, é um serviço pago e, diz o ditado, o cliente tem sempre a razão.
Hoje, ao invés da resenha de um show, um desabafo. Enquanto o Rio segue varrendo a sujeira pra debaixo do tapete.
Caro Bruno, depois de ler seu desabafo, decidi comentar tambem!!! Eu nunca vi um momento tão ruim como esse, em que a gente paga pelo serviço, um show por exemplo, e sofre horrores no decorrer dos fatos. Gosto de curtir shows, porém fica dificil com a desorganização que reina no Rio de Janeiro!!! Basta de atrasos, preços absurdos e desrespeito!!!!
Pois é. Outro dia eu fui num show no Circo e comprei no caixa o tiquete que vale uma cerveja. Fui no bar pedir a dita cuja, dou o meu tiquete pro camaradinha, que demora horas pra pegar a cerveja. Aliás, não é cerveja, é um chopp aguado, ruim e caro. Quando eu cobro dele, ele diz que eu já tinha pegado. Então outro atendente do bar olha pra mim, e diz que estava me visando a tempos, que eu era malandrão e já tinha pegado a cerveja. Mas eu não tinha. Fiquei uns dez minutos pedindo minha cerveja até que enchi o saco e disse que ia falar com algum dono/gerente/produtor do show. O carinha do bar disse q tudo bem. Aí fui procurar um segurança pra me indicar alguém com quem falar. Quando eu encontro o segurança, que não podia sair do lugar onde estava, perto da grade que dá pra rua, tem um maluco fora do Circo tentando entrar de novo lá dentro. Normal. Só era o percussionista da banda que não tava conseguindo entrar de novo no seu próprio show. Aí eu procurei um produtor, branco, de cabelos pretos, casaco vermelho, chamado Mateus, que estava visivelmente atrapalhado, e que foi omisso e pusilânime, me despachando rapidamente e dizendo que não poderia fazer nada, que não tinha nada a ver. Ou seja, paguei por uma cerveja, não a recebi e ainda fui chamado de ladrão. E a casa disse que estava cagando pra mim. Não satisfeito, voltei ao bar, e pedi de novo minha cerveja. Até que depois de muita insistência eles me deram. Resumindo: dá próxima vez que eu for ao Circo vou comprar cerveja contrabandeada de fora com os camelôs, pagar menos e ser melhor atendido.
É desanimador ir a qualquer lugar de música no Rio. Caro, você é mal atendido, os locais com mesa é desconfortável e muitas vezes o som é de péssima qualidade. A minha última experiência foi horrível. Em uma casa de shows na Lagoa, eles colocaram tantas mesas, e o garçom fica servindo durante a apresentação, esbarrando, empurrando, irritando. Tudo o que você não consegue é relaxar e ouvir a música.
Que bom abrir essa discussão, talvez de certo. É desanimador ir a qualquer lugar de música no Rio. Caro, você é mal atendido, os locais com mesa é desconfortável e muitas vezes o som é de péssima qualidade. A minha última experiência foi horrível. Em uma casa de shows na Lagoa, eles colocaram tantas mesas, e o garçom fica servindo durante a apresentação, esbarrando, empurrando, irritando. Tudo o que você não consegue é relaxar e ouvir a música.Eu não vou mais.
Mas porque os cariocas aceitam os preços e o tratamento grosseiro?
É exatamente um problema desse tipo, que brochei total em fazer eventos.
O que se vê hoje, escancaradamente, é o meio”zinho” cultural carioca prepotente. A cena alternativa, que vai do samba ao rock ao eletrônico. O que se vê na maioria das vezes é um tom de arrogância subjetiva e blaze.
Fiz um evento numa GaleriaBistrô na Gávea, onde eu era produtor. O lugar tinha uma limitação de 130 pessoas, mas o que se via internamente era grandes espaços vazios, principalmente no inteior da galeria. Um dos artistas que estava expondo foi barrado, porque estava com mais 3 amigos. BARRADO. Como produtor fiz questão de levar a dona para a porta da galeria explicar o fato, ao artista, que indignando foi embora. É muita falta de bom senso e despreparo.
Vemos uma trupe de “sou carioca – hype – cultural – me visto cool – e gosto de sofisticado/raiz/alternativo – e faço eventos” sem o menor tino para se organizar um evento, que cumpra o básico de exigências de respeito e know-how de todos os quesitos que contemplam uma produção.
Conteúdo é uma coisa, fazer isso acontecer é outra. Na boa…vejo um bando de amador…
Brunitos,
o seu desabafo é muito válido!
Levantar a bola da questão da falta de preparo nas casas do RJ e dos funcionários destreinados não é nada mal.
Os produtores reclamam mas não olham pra raiz do problema. São todos prestadores de serviço, então, faça-o direito.
É uma pena porque o Rio, uma cidade tão atraente está realmente expelindo os bons shows e obviamente a movimentação de grana que os mesmos fazem.
Eu acho um saco ter que ficar viajando pra poder assistir um bom show, mas isso já está virando uma ação quase que regular.
Fala Bruno,
Sou leitor do site há algum tempo. Classe A.
Esse seu desabafo é totalmente oportuno.
Qual o preço da cerveja do Canecão? R$ 4,40.
Qual show começa na hora no Circo ou na Fundição? Nenhum. Já vi um do Dead Fish que começou às 03h. Isso mesmo. Três da matina.
Esse problema com segurança é rotineiro. Eles não recebem o tratamento que deveriam receber. Nós é que sofremos.
Torço pelo contrário, mas vejo o Rio cada vez mais parecido com cidades da Região dos Lagos: cheio de modinhas e com um público que adora curtir uma “boa” (seja ela rave, rock, micareta, pagode…). Vale tudo.
Abraço,
Julio
É isso ai Bruno, tem que botar a boca no trombone mesmo! Esses produtores de shows e casa noturnas tem que mudar o jeito que tratam as pessoas que frequentam esses lugares, ou seja, o público pagante, ou seja, as pessoas que “dão” dinheiro para eles continuarem a receber seus salários. É tão simples, que eles não pensam nisso: o público é que faz o evento acontecer, sem eles, ou melhor, nós, não ha eventos.
Segurança e Merda pra mim é a mesma coisa.
eu faço isso no circo ha tempos, sempre compro com os camelos, alem do chopp ser caido, ainda é caro e a pergunta que fica é: pq o chopp é caro se a cervejaria que fornece o chopp patrocina a casa?
Ter qualquer autoridade é um problema na vida de muitas pessoas que trabalham na noite do Rio. Essas pessoas tem esse “privilégio” mas não tem a menor idéia de como usar. Aliás, na sua grande maioria fazem sempre um mal uso e o público que se dane. Mas não dá pra ficar aceitando baixaria não. Tem que falar! Esse dia do Odisseia foi lamentável. Pessoas na chuva, esperando na fila enquanto outras ainda tinham a cara de pau de furar (o que devia ser uma das preocupações da tal pessoas que ocasionou esse incidente com o bruno) querendo pagar pra entrar e ver um show e ainda tem que contar com toda a esperteza e elegância desses tais privilegiados da noite. Cheios de marra.
A noite do rio tem muito o que aprender.
Cara,
Totalmente de acordo. O tratamento dos seguranças no Rio de Janeiro é um dos tópicos na crise da cultura da cidade. No Circo Voador, o esquema de facilitar que a fila seja furada para que os cambistas tenham sempre ingressos na mão para quem não tem saco de ficar vendo o show rolando do lado de fora é escancarado. Você compra ingresso na bilheteria e tem que sair da área reservada para dar a volta por fora e entrar em outra área cercada e finalmente entregar o ingresso na porta. Só quem se dá bem com isso é o cambista. E, é inevitável concluir, os parceiros deles que trabalham na casa.
Com certeza todo mundo tem uma história boa pra contar, afinal a lógica é essa mesmo. Cliente é malandrão e segurança é polícia privada, com os mesmos vícios e abusos.
Um abraço,
lamentável, bruno. absurdo o cara ter te tratado assim. inacreditável. a entrada do odisséia, é realmente muito arcaica. mas vc não perdeu grandes coisas. com o nouvelle vague, camille era engraçadinha, agora virou palhaçinha. fez a platéia cantar “atirei o pau no gato”, sendo que alguém deve ter falado pra ela, q essa é uma música comum na infância brasileira, mas pra ela, a música não significa nada. absolutamente. o público da frente respondia bem, mas de onde eu estava, atrás, rolava um comentário de “ãh?”. ela tem uma voz maravilhosa, domínio de público, mas se excedeu na graça. ficou boba.
serviços mal-prestados e falta de consideração e respeito com a clientela são uma verdadeira praga, e estão em todos os lugares. vocês estão falando de lugares freqüentadas por uma, vamos dizer, classe mais privilegiada.
acrescente-se aí a atenção carinhosa de motoristas e trocadores nos ônibus que circulam por aí nos recônditos dessa cidade. estamos muito longe do “cliente tem sempre a razão”, que é meio ridículo, né?
mas o que vemos é uma verdadeira falta de respeito ao próximo, que pode ser um cliente ou não.
Deixa eu te perguntar – pq definitivamente eu não sei – existe unanimidade nesta “tal” cena alternativa(nomes)???
São Paulo consegue produzir alguma coisa além de expectatica de produção/consumo e trânsito caótico???
Bruno, pelo que vi, foi um problema seu com um indivíduo, uma pessoa, um segurança, certo?
Nessas horas eu recomendo vc perguntar o nome do cara, que é mais fácil pros responsáveis tomar atitudes a respeito.
Só nao acho justo generalizar todo o serviço de uma casa noturna por falta de preparo de um ou dois seguranças. Eu nunca fui dono de casa alguma, mas imagino a dor de cabeça ENORME que deve ser lidar com seguranças.. não é viavel pra nenhum estabelecimento fazer um “treinamento”, e infelizmente não existe uma “escola de seguranças”.. 😉 A gente é exposto mesmo a esses absurdos, mas sempre que aconteceu algo assim comigo eu perguntei educadamente o nome do sugeito e eles ficam pianinhos…
Enfim, uma pena que vc nao foi, adoraria saber sua opinião sobre o show, que por sinal eu achei muito interessante.
Que deem certo sempre e proliferem espaços como o Odisséia, dos quais o Rio tá tão carente…
abs
Oi Lucio,
Não critiquei o serviço do Odisséia como um todo — embora não seja a primeira vez que eu tenha tido problemas lá. Generalizei o serviço do circuito alternativo do Rio sim, como um todo, e mantenho essa opinião: é muito ruim.
Dor de cabeça “ENORME” foi a minha, numa fila pra pagar R$20, debaixo de chuva e ter que ouvir isso. Sim, acredito que seja difícil treinar pessoal, mas… isso é problema meu, do público? Acho que não, né?
Não me parece justo falar que “não é viável pra nenhum estabelecimento fazer um treinamento” (será mesmo?) e repassar o abacaxi para quem está disposto a pagar para frequentar o lugar. Qual a solução então, eu mesmo ensinar boas maneiras? Não dá.
Só para esclarecer, perguntei o nome do funcionário sim (e não era um segurança). Apenas não divulguei porque imagino que o rapaz seria demitido. O que, como disse no texto, não resolveria o problema.
Não pretendo voltar àquele lugar enquanto não receber um pedido formal de desculpas.
Abs,
e eu que pensei que a parte musical no Rio tava indo bem… é triste saber de tanta bagunça com tantas coisas interessantes surgindo de todos os lados do país (e, claro, do Rio também)… aqui em São Paulo tem coisas parecidas (entrada e bebida caras, e atrasos), mas o serviço é realmente melhor, mais educado… mas imagino que as coisas sejam parecidas em todo lugar deste país caótico… empresários e produtores que reclamam do público, público que reclama dos eventos… e ninguém pára pra ver quem é responsável, e resolver a parada… todo mundo quer tirar a sua vantagem…
pedido formal de desculpas:
desculpa Bruno!!!!!
o Lucio alertou a gente sobre o problema. Nós da Casa da Matriz/Teatro Odisséia/Drinkeria Maldita/Casarão dos Arcos/LOUD! procuramos primar pela gentileza e bom atendimento, mas erros, ‘as vezes injustificáveis como esse, sempre podem ocorrer. Espero que vc possa voltar e apagar essa imagem negativa. Posso dizer a todos que postaram aqui que não somos relapsos e ‘as vezes o que pode parecer simples se visto de fora é um pouco mais complicado aqui de dentro. Uma coisa é certa: não há porque querermos prestar um mau serviço. Acho ainda um pouco cruel colocar todo o peso das dificuldades da noite carioca em cima da incopetência de produtores e empresários. Juro pra vcs: o buraco é mais embaixo. Estou a disposição para debater o assunto.
Bruno, mais uma vez desculpas em nome de toda equipe.
um abraço a todos,
Daniel
Oi Daniel,
Desculpas aceitas.
Esclarecendo, não coloquei o peso das dificuldades da noite carioca somente nos produtores.
A idéia é justamente o contrário, é dividir as responsabilidades. Tenho lido bastante coisa falando do público e não acho que o problema esteja só de um lado.
Fiquei curioso sobre o buraco que está mais abaixo. Se quiser escrever um texto, o URBe está aberto pra vc.
Abs,
Sem duplo sentido de mau gosto, mas também queria saber mais sobre “o buraco mais embaixo”. Acho que o assunto interessa, afinal é meio consenso que o Rio está atrás do que poderia na organização da vida noturna e cultural.
Um abraço,
Independente de onde está o buraco, e do problema específico com os seguranças, ficam as questões relativas à má organização:
– Por que fiquei 30 minutos esperando para entrar no Odisséia nesse dia se só tinham umas 15 pessoas à minha frente na fila?
– Por que um show anunciado para as 22hs só começa as 23:30?
– Por que o sistema arcaico de cartelas com fila enorme na saída? (tive que pagar antes do show para não passar por isso) Por que não ter um esquema onde você paga a entrada ANTES e depois pega ficha para o que consumir?
O Bruno levantou um ponto muito importante. Minha mulher, por exemplo, não foi na Camille justamente porque não queria passar por tudo isso. Isso afasta sim o público. O trabalho do Odisséia é importante para o Rio? Óbvio, precisamos de lugares assim. Mas que isso não seja desculpa para um atendimento precário a quem vai lá.
fala aí bruno, bernardo e paulo.
foi mal a demora. fico amarradào de debater sim. um texto eu to meio sem tempo de fazer e acho que o debate é melhor mesmo, porque muitas das respostas que vcs procuram a gente, da produção, também não sabe. vou responder o paulo no próximo post.
– Por que fiquei 30 minutos esperando para entrar no Odisséia nesse dia se só tinham umas 15 pessoas à minha frente na fila?
Vamos partir de um pressuposto lógico. Nào é de nosso interesse manter ninguém na fila. quanto mais rápido a pessoa entrar e começar a consumir melhor. Isso pode ter acontecido por alguns motivos: Nesse dia as lista de convidados e descontos eram muito grandes acarretando grande demora para achar o nome de cada uma das pessoas que entraram na casa. De qq forma isso é melhorável com a substituição das recepcionistas (2) por pessoas mais rápidas. Outra possibilidade é a casa estar lotada ou perto da lotação. os gerentes tem que fazer um levantamento das pessoas que entraram e sairam e cuidar para que a casa não superlote. isso sem contar as infinidades de pormenores que acontecem na entrada da casa e atravancam a fila (menores de idade, ausencia de carteira de indentidade, carteiradas de autoridades, e outras milhoes de coisas).
– Por que um show anunciado para as 22hs só começa as 23:30?
No jornal geralmente anunciamos o horário de abertura da casa. De qq forma o início do show, mesmo posto em contrato, fica por conta dos músicos. Vivo me estressando horrores com isso. Simplesmente não dá pra pegar uma banda inteira pelo braço e arrastar pro palco. Principalmente quando ainda nao há publico na casa. É notório no Rio de janeiro a cultura de entrar tarde nos lugares, ambulantes e barzinhos, sao a parada antes de qq show. Todo mundo quer entrar na mesma hora quase sempre, depois do show começado. É o fenomeno Tostines, o show nao começa pq nao tem publico e o publico nao entra pq o show nao começou. de qq maneira, seja sincero, vc chegou às 22h e pegou essa fila?
Por que o sistema arcaico de cartelas com fila enorme na saída? (tive que pagar antes do show para não passar por isso) Por que não ter um esquema onde você paga a entrada ANTES e depois pega ficha para o que consumir?
esse sistema arcaico por incrivel que pareça ainda eh o mais viável. lembre-se que nao tem porque querermos proporcionar desconforto. O que vc fez é a atitude mais certa, pagar a conta antes do final do show, qdo ainda nao ha ninguem nos caixas (eu mesmo fazia isso no ballroom, ou bem depois do final do show (por isso mantemos DJs e incentivamos a festa ao final do show). O problema todo é o fato de todo mundo querer pagar ao mesmo tempo. Geralmente no final do show. Quanto a sua sugestão, acho que só contribuiria para aumentar a fila na porta (imagina cada um que entrar ter que pagar, receber troco, assinar cheque, passar cartão, etc.) e a fila da saída, para pagar o consumo continuaria a existir. Nós vivemos enlouquecidos com esse problema da fila, mas procurem ver o tempo que leva para cada um pagar sua conta. É uma coisa meio incontornável, a pessoa recebe o valor, abre a carteira, decide se paga em cheque ou dinheiro, fala com a namorada, pega a cartela do amigo, passa o cartão, nào passa, volta, débito, crédito .. essas coisas.
Temos o máximo de funcionários de caixa que a conta do negócio permite. De qq forma é um problemão e sabemos que tem gente que não vai por causa disso. Já até cronometramos o tempo de atendimento individual e criamos procedimentos entre os caixas para agilizar (enquanto um soma a cartela, outro passa o cartão, outro agiliza a fila, outro fica com o cliente problemático, etc). enfim, alguém tem outra sugestão?
to a disposição. abs!!!
Muito obrigado, Daniel!
Bom, só um comentario quanto a fila: cheguei “cedo” (ja levando em conta atrasos e como eu dei aula antes, cheguei 22:05), casa ainda nem com metade da lotacao – e os comentarios na fila eram: “eles seguram todo mundo na fila para o pessoal que passa na rua se interessar”. Verdade ou nao, essa acaba sendo a percepcao de quem está lá… e o horario do show foi colocado na pagina de voces – tinha horario de abertura da casa e do show (e para o show constava 22hs). Ah, e no show da Camille em SP no dia anterior, no SESC, comecou antes das 22hs… Mas tem essa historia dos habitos mesmo, e do efeito tostines… talvez so mudaria se todo show comecasse na hora mesmo sem publico – ai o publico ia aprender… E viva o profissionalismo do Los Hermanos, que sempre cumprem os horarios que colocam na homepage deles.
Talvez qualquer sugestao que eu tenha nao funcione mesmo por aqui… morei 5 anos na Franca, fui em muitos shows la, e nunca enfrentei nada assim – comprava-se ingresso antes, entrava-se e la dentro era pagar pelo que consome. Utopia, eu sei…
E de qualquer forma: viva o trabalho que o Odisseia faz!
A Casa da Matriz faz o mesmo. No início do ano (dia 5 de janeiro pra ser exato) fui comemorar o aniverário de uma amiga lá e ficamos 30 pessoas esperando na fila debaixo de chuva por não menos que 20 minutos. As casas contratam seus atendentes ignorantes que, por estarem trajando um terno, se acham melhores que nós que pagamos seus salários. Não mais!
No Odisséia passei por situação parecida, sendo praticamente escoltado até a fila pra que saísse logo da casa após o término de um evento. Bando de merdas que atiram no próprio pé!
o negocio é o seguinte .
Acho que o problema é que eles ( os 3 socios ) abriram casas demais , e não conseguem manter qualidade ! Quantidade sem qualidade ! …..
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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