Motim
Written by urbe, Posted in Digital
Semana passada, para surpresa de alguns, o Pirate Bay foi vendido para uma empresa sueca por 7,7 milhões de dólares, uma bela soma para um saite dito altruísta.
O choque se dá pelo fato do saite, sinônimo de troca de arquivos utilizando o protocolo bit torrent, pregar, muitas vezes de maneira infantil, contra quem lucra com a venda de conteúdo de entretenimento.
A discussão sobre verdadeiras motivações do Pirate Bay já vinha esquentando. Se até um partido político foi fundado para defender a filosofia da livre troca de arquivos foi feito, o fato do saite lucrar com a venda de anúncios já gerava desconfiança, por ser no mínimo incoerente com seu discurso.
Questões parecidas atormentam o YouTube. Criado para hospedar conteúdo gerado pelo usuário, o que realmente gera acesso são vídeos ripados de programas de TV, clipes, músicas e filmes protegidos por direito autoral e disponibilizados no saite sem compensação financeira para os autores.
Não apenas as sociedades arrecadadoras de direitos autorias não concordam com os valores de pagamento propostos pelo YouTube, como também não está claramente definido os direitos e compensações sobre o uso de conteúdo inédito gerado pelos usuários.
A polêmica sobre quem paga essa conta é uma das principais discussões do setor. Fala-se muito sobre como a troca de arquivos é uma excelente forma de divulgação, de maneiras com as quais saites podem monetizar a rede que criaram e até como compensar os usuários que fazem os arquivos girarem.
Fala-se pouco sobre quem vai pagar a conta da produção dos conteúdos disponibilizados. Fala-se menos ainda sobre uma questão mais espinhosa: e quem não quiser fazer parte disso, por não enxergar essas trocas gratuitas como algo vantajoso?
Ao menos em teoria, deveria caber aos criadores de cada obra a decisão sobre a maneira como a quer ver circulando. Embora existam muitos artistas (músicos e cineastas) que espontânemente disponibilizam suas obras gratuitamente, porém, tudo indica, o que circula forte nas redes são conteúdos protegidos.
Agora que os novos donos do Pirabe Bay começam a apresentar o plano de negócios, totalmente baseado na comunidade construída no saite, fica a sensação de que os usuários eram na realidade ativos de uma empresa.
Mais do que isso, mesmo para quem não é contra a troca dos arquivos, fica agora um gosto amargo. Falo de cadeira, pois tenho vários filmes que produzi e dirigi espalhados por bit torrents, sem ver maiores problemas nisso.
Entretanto, uma coisa é ver o seu trabalho distribuído livremente, chegando a milhares de pessoas gratuitamente. Outra, totalmetne diferente, é ver gente lucrando bastante com isso.
falta de ética e moral por parte do pirate bay.
o “mundo virtual” chegou muito mais rápido que o “mundo real” na utopia da sociedade do lazer.
nessa sociedade utópica, sabe lá por que motivo (um Estado de bem estar social que realmente funciona ou robôs super-avançados que fazem todo o trabalho duro pelos humanos, vai saber…) ninguém faz alguma coisa pq *precisa* e sim pq *quer*. onde “precisar” no fundo significa “pra ganhar dinheiro (pra comprar comida, saúde, se proteger contra incertezas do futuro e tal).
numa sociedade assim, beleza o artista botar as músicas dele de graça na net. mas pro cara que tá com três meses de aluguél atrasado e a mulher grávida, não é tão simples assim.
e do jeito que a coisa tá na internet, não é ele que decide se sua arte/criação/idéia/fruto-do-seu-trabalho-duro pode ou não ser trocada de graça. eu pelo menos nunca pedi autorização de ninguém pra baixar nada. procuro retribuir indo aos shows e tal, mas, de novo, nunca ninguém me disse “ok de baixar meu cd se você for no meu show”.
acho do caralho poder baixar de graça um quanta absurdo de cultura, coisa que há 10 anos atrás não teria acesso nem pagando. acho também que contribui para o desenvolvimento da sociedade como um todo. mas também sei que to sendo hipócrita achando isso.
Muito bem colocado bruno!
Acho bem interessante a discussão, pena que o campo do comentário não é um bom lugar pra me alongar nessas coisas. Quem paga as contas “de verdade”? Quem paga o servidor, os funcionários dos sites, a faxineira. Tudo de graça na internet parece bem legal, mas ainda acho que não existe almoço gratis.
O compartilhamento de arquivos é uma grande revolução realmente, nunca vou poder falar contra, eu não existiria como artista se não exisitissem os warez/napsters/audiogalaxies/soulseeks/blogs/torrents da vida, mas nem tudo são flores, logicamente! Mas esses sites todos (e todo o negocio relacionado a internet) faz seu lucro a partir da distribuição de conteúdos gratuitos. A telefonica, a telemar, a cisco, a aol… todo mundo ganha dinheiro com essa distribuição toda. E quem produz?
Outra coisa legal que vc comentou foi como pagar quem produz o conteúdo. É lógico que todo mundo quer seu trabalho circulando, mas será que dá pra segurar isso pra sempre? É sustentável a longo prazo? Quem paga o aluguel do produtor? Ou agora só pode ser artista quem mora com a mãe?
1) Entre um piratebay.org que eh uma tentativa de articulação política com um deputado jah eleito para o parlamento europeu e um youtube.com quem você preferiria ???
2) O site foi vendido para a empresa dona da maioria das lan-houses e cybercafes da Suécia isso quer dizer algo.
3) Essa questão de pagar pelo conteudo e pela produção, eh umas das questões com relação a internet, quando Radiohead fez a operação de atravessamento, era o Radiohead com mais de 10 anos de estrada e de indústria fonográfica.
4) Essa eh uma possibilidade interessante:
“A segunda análise seria um golpe no melhor estilo Pirate Bay: eles abrem para venda de ações. Inicialmente, liberam pequenos lotes para pessoas físicas. Depois que cansam de vender nesse sistema, abrem para qualquer investidor. As corporações raivosas compram agressivamente, catapultam o preço das ações à estratosfera.
Então, os primeiros compradores vendem suas ações, deixando as corporações com o controle do site. Aí, todo mundo migra para um novo Pirate Bay, deixando as corporações com um mico sem valor nas mãos ao mesmo tempo que o Pirate Bay age como Robin Hood digital.
No comunicado, o Pirate Bay garante que continuará ativo politicamente e que o dinheiro será usado para ajudar mais gente a se envolver na causa pirata, além de financiar o desenvolvimento de protocolos de troca de arquivos mais robustos que os utilizados hoje.”
Ainda, segundo o Pirate Bay, os lucros da venda do site serão revertidos para instituições que defendem a liberdade de expressão, de informação e abertura da rede.
Li essa mesma argumentação (que está mais para uma último suspiro de esperança) em algum outro lugar, Duda.
Continua a pergunta: e para quem produz o conteúdo que é o motivo pelo qual essa rede existe, nada?
Talvez Bruno a pergunta seja outra, porque o que se paga e se mantém na rede estah relacionado a:
1) organizadores -indexadores-buscadores
2) sites de relacionamento (incluindo aih pornografia)
3) sites de apostas
4) sites de jogos online
Alguns sintomas:
“eu uso o google , eu não navego na internet”
” a internet virou uma grande “páginas amarelas” (catalogo que eu nem sei se ainda existe)
Por outro lado você presenciou no Coachella bandas que começaram virtualmente e estão por aih, exemplo maior seria o Artic Monkeys , não ?