HPP vs. praia
Written by urbe, Posted in Resenhas
Casuarina
fotos: Joca Vidal
O verão carioca, atrasado que só, deu uma trégua de duas semanas. Nesse período, o Humaitá pra Peixe 2007 aproveitou para fixar seu novo formato no coração do público e saiu-se bem nos dois primeiros finais de semana.
O confronto, no entanto, era inevitável. Sexta-feira, no primeiro dia de sol do ano, uma corrente fria trouxe águas cristalianas para praia, reforçando o time da areia. A primeira vítima desse HPP foi Rodrigo Bittencourt.
Rodrigo Bittencourt
Pouca gente ouviu as versões de “In bloom” (Nirvana), “Deus e o Diabo” (Titãs) e o chilique “de brincadeira” da banda sobre a qualidade do som — que, diga-se, tem estado ótima. O pôr-do-sol segurou muita gente na praia e o público, o menor do evento até agora, só chegou pro segundo show.
Da mesma forma que a mudança para os finais de semana pode ter trazido um outro perfil de platéia para o festival, também fez com que o HPP entrasse na concorrência com os vários eventos que acontecem no Rio durante o verão. Isso pode estar contribuindo para médias de público não muito generosas.
Às sextas, sábados e domingo, o horário muito cedo esbarra na preguiça dos que estão com planos de sair mais tarde. Nessa decisão, pesa também o preço do ingresso, R$ 24 a entrada inteira, muito caro para um programa pré-noitada.
Isso é coisa pra produção do evento refletir a respeito para a próxima edição, mas do lado de cá, de quem trabalha cobrindo ou frequenta o festival, até agora a impressão é de que o festival tinha mais força quando era realizado durante a semana.
Erika Machado
Já era noite quando Erika Machado subiu ao palo para apresentar suas fofas canções. Apadrinhada por John, guitarrista do Pato Fu (e produtor do disco da cantora), a mineira ninou o Espaço Cultural Sergio Porto.
Cantando num tom de voz de quem está fazendo aviãozinho para criança comer, florzinhas no violão e computador enfeitado com cara de bichinho, Erika não justificou o burburinho que seu disco tem causado nas redações por onde passou.
A infantilidade das composições passa longe da proposta de Adriana Calcanhoto. Nem a participação de John empolgou. Os acordes básicos das músicas (várias delas variando a tríade sol-ré-dó) tornam o som repetitivo e previsível.
Culpa dos acordes que não é. Clássicos como “Knocking on heavens door” (Bob Dylan), “Stand by me” (John Lennon) e “Wish you were here” (Pink Floyd) transitam por alguns desses mesmos acordes simples com muito mais eficiência.
Edu Krieger
No sábado foi a vez do samba. Edu Krieger mostrou composições próprias, como “Ciranda do mundo, gravada por Maria Rita, Pedro Luís e a Parede, Bangalafumenga e “quem mais quiser”, segundo o autor.
Acompanhado pelo irmão, Fabiano Krieger, guitarrista do Brasov, Edu fez um show bacana, embora as músicas talvez pudessem soar melhor na mão de outros intérpretes. Cercado por painéis da Oi FM, patrocinadora do festival, Edu foi responsável por um dos momentos mais divertidos da noite quando resolveu homenagear a concorrente MPB FM pelo trabalho de divulgação de sons nacionais.
Fazendo o trajeto Zona Sul-Lapa-Zona Sul, o Casuarina (que repetiu o mesmo discurso de Edu!) trouxe sua roda de samba para perto de casa.
Mesmo com a distância que esse tipo de apresentação impõe (roda de samba é em pé e com cerveja na mão), o grupo balançou o Sergio Porto com seu samba pé-limpo. Ao filtrar referências de samba já filtradas anteriormente (Chico, etc.), o Casuariana encontra personalidade própria, ainda que letras que falem de cheque sem fundo não soem muito verdadeiras vindo deles.
O grupo não é exatamente uma novidade, está estabelecido, com disco lançado pela Biscoito Fino, mas raramente se apresenta na Zona Sul. Foi bom vê-los tocando pra molecada que estava presente, ajudando na tal renovação de público e, por que não, do próprio samba. Só falta o D2 samplear.
No domingo, o Reverse e Eletro encerraram a terceira semana.
Xará, acho sempre bom “refletir” junto com a galera. Então aí vão algumas considerações do lado de cá da produção.
Estamos muito contentes com os novos dias. Sabemos e sabíamos que iriamos começar a “competir” com todos os eventos oferecidos nos finais de semana. Mas está longe da gente querer fugir deste tipo de desafio. Com o Festival nas terças e quartas já tínhamos público consolidado. Mas um público formado pela “tribo” dos mais alternativos, das pessoas com perfil mais interessado no HPP. Agora nos finais de semana estamos abrindo em muito o leque. Tem ido ao Festival várias pessoas que nunca foram antes. Isto em muito me interessa. Não quero fazer um Festival para agradar a “tribo”, mas sim um Festival que possa abrir caminhos para os artistas. Este ano, com os novos dias, acho que estamos abrindo mais o perfil do público. Está sendo muito bacana para o HPP e para os artistas.
O preço de R$24,00 é realmente caro. Mas tem de ser assim por conta da péssima lei da meia entrada que obriga a nós, produtores, termos que majorar os preços. R$12,00 não me parece nada caro por dois shows. E posso te afirmar que nem 10% do público paga inteira.
E falando em público a nossa média está muito boa. Por enquanto tivemos um dia de lotaçao esgotada e dois em que chegamos bem perto disto. Mas não espere ver no HPP mais nenhuma noite como a do Forfun, por exemplo. Naquela noite umas 700 pessoas passaram pelo HPP. Isto o espaço não comporta e não faremos mais este tipo de loucura. Até por que fica muito desconfortável para o público. Enfim, pelo lado de cá da produção esta edição está se confirmando como uma das melhores dos 13 anos do HPP em todos os sentidos.
abraços,
Bruno
Fala Xará,
Muito bom ter a impressão da produção aqui no URBe.
Fico feliz de saber que tudo esteja correndo ainda melhor esse ano pra vocês.
O HPP é um evento muito importante pra cidade, é natural que desperte todo tipo de discussão a seu respeito. No fundo ele já não é mais só seu, né?
E vamo que vamo que é nessa última semana que o bicho vai pegar!
Abs,
Bruno.
Cara, esse ano é o que mais estou sentindo o HPP inserido na cidade. Outro dia mesmo estava aqui no BB e ao meu lado três caras comentando que tinham visto pela primeira vez o show do Brasov. Acabei puxando papo. Fico amarradão!! Faz tempo que não é “meu”. Só de gente trabalhando são pelo menos vinte. E cada vez a galera participa mais. E é ainda só um moleque de treze anos…
Essa semana vai ser o bicho mesmo!! Duplexx. Vulgue, Turbo, Móveis, Debate e Final da Batalha. Vááááiiii…
Abs