Harmonia Armorial
Written by urbe, Posted in Urbanidades
O produtor cultural Felipe Boclin conferiu o lançamento do disco do Gesta, conta como foi e aproveita pra dar um toque sobre o Movimento Armorial.
Numa noite em que os holofotes estavam virados para a primeira noite do Chivas Jazz Festival, aconteceu, na modesta arena do Sesc Copacabana, uma noite gloriosa. Daquelas que acontecem de repente, no improviso, onde a emoção toma conta do ambiente. Uma daquelas noites que depois de um show você tem certeza que alguma coisa mudou.
Foi na quarta-feira, durante o lançamento do disco do grupo carioca Gesta, filhos do Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna em Pernambuco na década de 70.
O movimento tem manifesto, estética própria e objetivo artístico. Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do Brasil. O Auto da Compadecida — que todo mundo já viu — foi uma adaptação da peça com o mesmo título de Suassuna, escrita em 1955. A grande característica da música armorial é que ela é imaginária, provoca cenas de um mundo fantasioso e fantátisco.
Ariano Suassuana é um mito, criador de um movimento moderno e contemporâneo ao mesmo tempo que é folclórico e tradicional. Ele está para a cultura como Glauber Rocha para o cinema, Jorge Amado para literatura, Villa-Lobos para os músicos eruditos, Cartola para os compositores populares. Enfim, essas almas que rondam o imaginário de nossas criações.
O Sesc estava completamente lotado quando apareceu na porta de entrada do Teatro, todo de branco, com seus quase 2 metros de altura, Ariano Suassuna. Sim, era como estar diante de um mestre, uma emoção sem palavras. Mais de 200 pessoas que ali estavam levantaram e começaram a bater palmas durante pelo menos 2 minutos. Foi um momento único.
O show foi iniciado pelo próprio, citando parte de sua obra Romance de Minervina com o Pequeno Cantar Acadêmico a Modo de Introdução do Romance da Pedro do Reino, acompanhado pela rabeca. O Gesta, formado por Pedro Pamplona (flautas), João Bina (Marimbau), Fábio Campos (Violão), Edmundo Pereira (Viola Caipira) e Daniel Bitter (Rabeca), apresentou o repertório do disco “A chave de ouro do reino vai não volta”.
Mesmo diante de um visível nervosismo dos integrantes, apresentação foi perfeita. No final mais uma surpresa. Durante os agradecimentos, um senhor pegou o microfone e disse: “são esses homens, esses guerreiros da luz, que um dia serão lembrados como aqueles que mudaram o rumo de uma nação que raras são as pessoas que a entendem. Viva a cultura brasileira! Viva o Brasil!”. O teatro veio abaixo.
Pode parecer piégas e nacionalista, mas a celebração naquele momento era para a beleza, para a Arte e para toda uma cultura que resiste aos modismos, aos desistereses e a corrupção. Numa época que reina a tecnologia e a indústria do entrenimento, a arte, pura e simples, sem intervenções, continua sendo a única capaz de proporcionar momentos como os de ontem.
Minha expo decisão falarei do movimento armoriaol gostaria que voce podesses consiguer seria de bom tamanho sir com serguir alguma coisa por favor envie para o meu em-mail andre_5431@hotmail.com obrigado!!!!!!
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Por um lado é até bom que esses artistas tenham tanta entrada lá fora. Pelo menos assim eles conseguem ganhar dinheiro e se manter íntegros, sem ter que apelar para jingles e afins.
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Já to fazendo figa 🙂
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Pois é….eu já tive que comprar um disco do Eumir Deodato japonês (porque não tem edição nacional) por R$ 80,00. Não está tudo errado? Com relação ao Festival de Música “cultural” Brasileira comentado, já existe um esboço de projeto de se realizar no Rio de Janeiro o maior encontro de cultura musical brasileira, trazendo para a cidade mais de 50 atrações de diferente vertentes na cultura brasileira. Da milonga sulista ao ritmos mais folclóricos no Amazonas. Eu estou fazendo parte desse projeto que deverá ocorrer só em 2005. Vamos torcer para tudo dar certo.
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E os Japas?! Meus pais foram ao Japão e voltaram de lá chocados com os CD’s de música brasileira que são vendidos por lá.
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Fofa, Sem dúvida, isso é uma realidade. Eu trabalhei para uma gravadora chamada Kuarup Discos, especializada em “música cultural brasieira”. O mais interessante era a quantidade de gringo que ia na gravadora procurar Elomar, Xangai, Villa-Lobos, e é claro indicações de música essencialmente brasileira. Eu comentava com ele que, sendo estrangeiros estavam muito mais inseridos na cultura brasileira, que o próprio brasileiro de uma maneira em geral. Isso tem um porque histórico, sociológico e mercadológico..foi minha tese de faculdade. A chamada World Music, que a cada ano cresce muito, principalmente na Europa, abarca esse tipo de música. O Elomar por exemplo tem mais de 6 discos gravados por um selo alemão não vendidos no Brasil, além de alguns prêmios. Abs Felipe Boclin
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Concordo. que o evento em Londres foi literalmente pra inglês ver só estava querendo mostrar que a nossa cultura é muito mais consumida e valorizada lá fora do que aqui. Uma pena.
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VIVA!!
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Infelizmente a cultura nacional vendida nesse evento em Londres tambem deixa desejar, repetindo a exaustao os mesmos estereotipos de sempre: a mulata sacudindo a bunda de fora, e jogadores de futebol fazendo truquinhos pra ingles ver. A cultura nacional mesmo tá nesse texto do Felipe. Viva o Movimento Armorial!
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Concordo. Nem precisa ser do mesmo tamanho pode ser um pouquinho menor.
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Não diria “antes”, mas sim “ao mesmo tempo”.