Grammy, uma auto-celebração positiva
Written by urbe, Posted in Destaque, Música
O Grammy de ontem deixou uma singela lição para a indústria da música brasileira.
Taylor Swift dançava sem parar enquanto Kendrick Lamar provava que uma inusitada parceria com o Imagine Dragons poderia dar muito certo – basta querer.
Paul McCartney, Steven Tyler, Yoko Ono – e todos convidados – cantavam e sorriam durante a apresentação do Daft Punk. Sem falar na quantidade de participações especiais.
São cenas banais, porém dizem muito sobre uma cena que se respeita, se frequenta (mesmo que via headphones) e, principalmente, se auto promove para o benefício de todos.
O fã da Taylor fica curioso sobre o Kendrick; o do Kendrick ouve e conhece o Imagine Dragons; os Beatlemanícos dão um pouco mais de valor por Daft Punk; e a molecada (bom, molecada já não sei, o prêmio é meio véio por natureza) fica curiosa e vai atrás do Stevie Wonder.
Uma festa dessas serve exatamente para isso, é da indústria para indústria, pura auto-celebração. Mesmo assim, nos eventos parecidos por aqui só da puxação de tapete, intriga e ego comendo solto. E os poucos que tentam gerar essa relação simbiótica acabam tomando na cabeça da patrulha estelar.
O Grammy é uma celebração do mercado, principalmente. Aqui, com todo esse discurso positivista da música de graça, quem fala isso muitas vezes vive de edital, ou seja, não tem público suficiente pra sustentar a carreira, nada de mal, apenas a realidade. Vive do governo, que é controlado pelos grupos que escolhem os editais, que estudaram juntos no colégio com o filho da Caetano, etc…Estamos numa sociedade onde existe a separação entre o artista de mercado e o artista de edital.
O nepotismo é muito forte no Brasil, ao ponto de a MPB ser uma oligarquia eterna de grandes famílias. A música aqui, ao contrário dos EUA e Inglaterra, não é um meio de ascenção social como acontece em outros lugares, e sim uma maneira de sedimentar classes e criar paredes onde a brodagem corre solta. Assino o Globo e nunca lí nada sobre os artistas que têm público, os sertanejos, que conectam com um público enorme. Não entendo porque essas pessoas são ignoradas. Ao mesmo tempo as pessoas “alternativas” parecem não inovar, ou inovar pouco, felizes em sentar no banquinho e violão que está aí desde 1950 e poucos.
A cultura no Brasil, em geral, por bem ou mal, é a cultura que celebra o coletivo e o por um lado o conformismo: individualismo é mal visto, ou visto com suspeita, e a música sofre com isso. Há pouco incentivo `a renovação,
Não tenho o conhecimento interno como você, mas de fora, isso é o que aparenta.