terça-feira

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julho 2006

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Europa em 3 tempos

Written by , Posted in Resenhas

Nem só de Copa é feita uma passagem pela Europa. É lógico que não. Entre um jogo e outro, deu pra assistir alguns shows e sets. Pena que não deu pra conferir tudo que estava rolando no período. Nunca dá mesmo.

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Berlim, 16 de junho

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Chico
foto: divulgação

Há oito anos sem lançar disco e mais ou menos o mesmo tempo sem fazer shows, Chico Buarque aceitou o convite pra participar da Copa da Cultura, evento paralelo à Copa do Mundo, quebrando o jejum.

Os ingressos, vendidos a € 5, evaporaram da bilheteria, deixando na vontade muitos brasileiros expatriatos, doidos pra matar a saudade da terrinha. Do lado de fora, cambistas vendiam a entrada por € 50. Considerando a qualidade sonora da Casa das Culturas do Mundo e o evento em questão, local da apresentação, continuava barato.

Mart’nália abriu a noite, mostrando músicas do seu mais recente disco, “Menino do Rio”, além de clássicos como “Estácio, holy Estácio” (Luiz Melodia) e de suas parcerias com Zélia Duncan e Ana Carolina. A banda, privilegiando os elementos percussivos, agradou bastante os alemães, arrancando aplausos e tentativas de sambar.

Chico começou o show, apropriadamente, com “Voltei a cantar” e aproveitou pra mostrar o repertório do disco novo, “Carioca”, esquentando pra turnê que vem por aí. O samba “O futebol”, claro, também foi incluído.

A platéia, respeitosa, permaneceu em silêncio, mesmo em músicas conhecidas, como “Futuros amantes” ou “Morro dois irmãos”, como se aproveitasse ao máximo o momento. No final, em “Quem te viu, quem te vê”, o público se soltou e começou a cantar.

Chico saiu do palco sob aplausos, mas teve que voltar. Cantou “Vai passar”, junto com Mart’nália, e saiu novamente e teve que voltar outra vez, agora com “João e Maria”.

O público insistiu por mais um bis, mas foi a derradeira música do show. Não interessa quantos bis houvesse, nunca seria o suficiente.

Amsterdã, 24 de junho

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Paradiso

A Paradiso é uma espécie de Cine Íris que deu certo. Localizada dentro de uma antiga igreja, é (junto com o Melkweg) uma das principais boate/casa de shows da Holanda, onde — se não me falha a memória — Chico Science & Nação Zumbi tocaram quando estiveram no país.

O Pressure Drop Sound System tomava conta da pista principal. Influenciado por todas vertentes do reggae, inclusive as mais modernas, os ingleses tocaram acompanhados por uma boa dupla de MCs, Mista Melody & Rider Shafique.

O dub porrada comeu solto a noite toda, passeando pelo jungle e pelo breakbeat. E tome versões de “Milkshake” (Kelis), “Ring the alarm” (Tenor Saw) e mais meia dúzia de músicas no Stalag Riddim, além de músicas próprias, num set tão poderoso quanto animado.

Paris, 29 de junho

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Alice Russell

Paris não é mais a boemia que foi um dia. Após meia-noite é difícil encontrar bares abertos, um lugar pra comer ou mesmo pegar um táxi (na verdade, isso é difícil a qualquer hora do dia). Pegunta daqui, pergunta dali e chega-se à boate Rex.

Parada obrigatória de nomes importantes da eletrônica — Laurent Garnier, Miss Kittin e vários outros batem ponto por ali quando estão na cidade luz — a data era de uma festa entitulada “Carta branca para Alice Russell”. A soul woman inglesa teve a noite toda pra fazer o que quisesse.

Nome em ascensão do nu-soul, Alice Russell, lançou seu segundo disco, “My favourite letters”, no final de 2005. Antes desse já havia chamado atenção na cena com a estréia “Under the Munka moon” e pelas participações em projetos como The Quantic Soul Orquestra (e viva o Google, porque, antes disso, nunca tinha ouvido falar da cantora).

Ainda que suas músicas adicionem elementos como hip hop e eletrônica ao soul, é difícil imaginá-las funcionando numa pista de dança. A questão foi resolvida. Acompanhada por TM Juke (parceiro do selo Tru Thoughts) nos toca-discos, turbinando as bases, Alice Russel incarnou uma espécie de Jamie Lidell de saias, empolgando a pequena platéia.

E justo quando se pensava que não havia mais versão nenhuma a se fazer de “Seven nation army”, do White Stripes, Alice canta a música sobre uma base um tanto mais sombria, composta por duas guitarras minimalistas, bateria e metais (como registrada em um EP do Nostalgia 77).

Boa surpresa.

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2 Comments

  1. pedro

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