segunda-feira

10

abril 2006

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Entrou areia

Written by , Posted in Resenhas

jj_apoteose_2006.jpg
foto: Ricardo Mello/O Globo

Contrariando qualquer previsão e as suposições feitas em cima do estereótipo do surfista (desses que pipocaram nas resenhas da passagem do cantor pelo Brasil na grande mídia), o show do Jack JoooooOOOOHNNNN… Uá, Johnson, não teve nada de tranquilo. Foi um caos. Culpa da produção desastrosa da Dream Factory, uma das piores para um show dessas proporções já vista por aqui.

O tumulto começou logo na entrada, com um afunilamento inexplicável do público e uma longa fila, cheia de furões, trazendo recordações do Maraca — fossem os frequentadores do estádio majoritariamente loiras de 16 anos, como num episódio do seriado Laguna Beach. A saída foi igualmente tumultuada, talvez pior, coroada com um tiroteio comendo solto do lado de fora.

Não satisfeitos, os organizadores reservaram uma arquibancada inteira para VIPs de mentira que se dispuseram a pagarR$300 pelo direito de bebidas sem filas e banheiros limpos. Algo que deveria ser oferecido a todo público, taxado em R$ 100 pela chance de estar ali.

O ambiente, definitivamente, não era o ideal para um show do Jack Johnson. Seja pelo tamanho (grande demais), seja pelo tipo de construção (só cimento), a Apoteose cortou o clima intimista proposto pelo havaiano.

O som, perfeito pra ouvir quieto, relaxando, se dispersou. Uma praia, com uma divulgação menos agressiva, para menos pessoas, seria ideal, como ficou provado na canja que JJ deu em Ipanema, no domingo.

A banda não ajuda. Tá certo que a sonoridade não pede grandes músicos; o mérito está nas excelentes canções escritas por Jack Johnson, não em performances mirabolantes. Pena que os músicos não tenham entendido isso. O tecladista, fraco, se esforçava pra aparecer. Subia no piano, tocava pulando e dançando como uma chacrete, tudo na tentativa de esconder suas deficiências técnicas.

A passagem de som também não colaborou. Os instrumentos de apoio abafavam o violão de JJ, que deveria ser o principal. Um tanto frio, parecendo até desconfortável no centro das atenções, a voz de Jack Johnson saía meio sem vontade, faltando empolgação.

Houve bons momentos. O público recebeu bem as canções de seus dois primeiros discos (“Bushfire fairytales” e “On and on”), tanto quanto as do “In between dreams” (os dois últimos com produção de Mario Caldato Jr.), que catapultou JJ para o estrelato.

O cantor tocou “My doorbell” (White Stripes), fez citação a “Whole lotta love” (Led Zepellin) e arrancou urros da platéia com o corinho de “Mas que nada” (Jorge Ben). Faltou a melhor música, “Holes to heaven”.

Ao final do show, a confirmação do óbvio: as ótimas canções funcionam melhor mesmo em disco.

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  1. Lonha
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  4. Julia Ryff

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