terça-feira

3

outubro 2006

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Entrevista – Luke Jenner (The Rapture)

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Num ano cheio de segundos discos de bandas que estouraram logo no primeiro (recapitulando, de cabeça: Mombojó, TV on the Radio, Kasabian, Nego Moçambique vindo por aí…), o Rapture também chega à “hora do vamos ver” com o ótimo “Pieces of the people we love”.

Encontrei essa entrevista com Luke Jenner, vocalista do Rapture, que simplesmente havia esquecido de publicar.

Feita em maio desse ano, durante a edição mexicana do Nokia Trends, em parceria com Lúcio Ribeiro, Luke fala sobre o novo disco, um pouco antes do lançamento.

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Bruno Natal – Vocês trabalharam com o produtor Danger Mouse no novo disco, não é? Já está pronto?

Sim. O disco já está pronto, estamos mixando. Temos que decidir o que vai entrar ou não.

BN – Uma das músicas novas, “W.A.Y.U.H.” vazou na internet.

O Mattie [Safer, baixista da banda] canta nessa música, ninguém sabe que ele canta, mas ele canta.

Lúcio Ribeiro – E não vai entrar no disco?

Vai, com certeza. O Mattie canta em metade das músicas. É uma grande mudança.

LR – O que “W.A.Y.U.H.” significa?

Significa “We’ll Alright, Yeah, Uh-Huh”.

LR – E o segundo disco, tá muito diferente?

Mattie canta em metade das músicas, o Gabe [Andruzzi] está na banda há mais tempo… [No primeiro disco] ele só gravou saxofone, em dois dias, agora ele teve mais opinião. Passamos mais tempo escrevendo as músicas também. O último disco era mais forçado algumas vezes, dessa vez está mais natural.

LR – E não está pronto ainda?

Está, estamos mixando, só temos que decidir a sequência e tal.

BN – Como vocês se juntaram com o produtor Danger Mouse? Ele está se tornando uma figura importante na música pop, depois de produzir o segundo disco do Gorillaz, o MF Doom e criar o Gnarls Barkley.

Nós o conhecemos antes dele ficar famoso. Nós tocamos com ele numa festa do Adult Swim [faixa de desenhos animados para adultos, do canal Cartoon Network] e não tinha mais ninguém lá, então nós ficamos juntos a noite toda. Ele falou, “quando tivermos uma chance, deveríamos trabalhar juntos”, e nós falamos “beleza”. Naquela época nós já tínhamos ouvido o “Grey album”, ouvimos umas outras coisas.

BN – Para nós, fora dos EUA, a impressão é que ele não era ninguém antes do “Grey album” e, de repente, explodiu, né?

É o que estou dizendo. Quando conhecemos a [gravadora] DFA eles também não eram ninguém. Espero que Paul Epworth e Ewan Pearson também se tornem nome maiores depois desse disco.

BN – Como foi trabalhar como Danger Mouse, ele sendo mais ligado ao hip hop?

Gravamos a maior parte do disco com o Ewan Pearson e Paul Epworth e eles são de uma escola mais dance, mais ou menos. Ewan Pearson ganha a vida fazendo remixes [para Franz Ferdinand, Royksopp e para o próprio Rapture] e como DJ e o Paul trabalha principalmente com bandas de rock.

BN – Quais?

Hum, não sei. Se você fizer uma busca no Google vai ser melhor do que eu tentando inventar [Bloc Party, Goldfrapp, Babyshambles, The Streets, Maximo Park, são algumas das mais conhecidas].

Ele foi nosso engenheiro de som, então o conhecemos como engenheiro, antes de produtor. A maior parte do tempo tentamos trabalhar com nossos amigos, porque é mais divertido que trabalhar com alguém que você não conhece.

BN – Qual foi o trabalho do Danger Mouse no disco então?

Nós passamos duas semanas em Los Angeles pra trabalhar com o Danger Mouse, provavelmente duas músicas vão estar no disco. Nós gravamos umas cinco.

BN – Então não foi o disco inteiro?

Não, não, não. A maneira como ele trabalha é bem diferente. Trabalhamos com ele mais pra dar uma variada, sabe, queríamos algo diferente. Fizemos a maior parte do disco e pensamos, bem, temos isso e está bom, mas queremos algo diferente. Foi assim.

BN – “W.A.Y.U.H.” foi uma das que ele produziu?

Não, o Paul e o Ewan produziram essa.

LR – No Soulseek a música está identificada como parte da “Danger Mouse sessions”.

As pessoas só conhecem o Danger Mouse, então elas querem escrever “Danger Mouse”. Quando nosso disco sair vai ser apenas “Danger Mouse”, que é uma besteira, mas o que a gente pode fazer? Eu não escrevo os artigos.

LR – O disco novo já tem nome?

Não, não sabemos. Mudamos o nome algumas vezes, a música de trabalho muda toda semana… A gente não sabe. Essa música vazou, as pessoas gostaram…

LR – Mas vocês têm que decidir.

Em duas semanas estará finalizado.

BN – Quando sai?

Provavelmente em setembro.

BN – Em meio a esse frenesi da internet atualmente, em que toda semana surge uma melhor banda do mundo…

Eu gosto, eu gosto.

BN – …vocês foram essa banda há uns anos atrás e estão tendo uma nova chance. Você acha que isso ajuda ou atrapalha?

(Risos) É, é! Acho que ajuda, porque é tão difícil colocar seu nome na consciência das pessoas, esse é o maior desafio pra qualquer artista. Quando você faz isso, é questão de você ser bom ou não. Depois que as pessoas ouvem seu nome elas podem decidir, mas se elas nunca ouviram, esquece, você não tem chance nenhuma. Acho que nós somos bons e as pessoas ouviram falar da gente, então agora elas podem decidir se somos bons ou não.

O que é bom dessa vez, porque não é mais apenas “você é a banda do momento e eu não sei o que pensar porque todas essas pessoas antenadas gostam e eu não tenho certeza se gosto disso”, sabe o que estou dizendo? O papo agora é somente se é bom ou não, saber isso é reconfortante.

BN – Mas em termos de atenção das pessoas, da imprensa, você acha que o segundo disco de vocês vai atrair mais atenção ou a reação vai ser “ah, é só o Rapture de novo”?

Não sei, vamos descobrir. É a nossa primeira vez nessa posição, vamos ver. Você pode escrever no final do seu artigo o que aconteceu de verdade, porque eu não sei.

LR – Você está por dentro dessas novas bandas inglesas, como o Klaxons, Shit Disco? São punk funk como o Rapture, não é?

O que eu ouvi do Klaxons eu gostei, porque soava como aquelas sirenes das raves, sabe? Eu gosto do primeiro disco do Prodigy e todo aquele exagero do começo das raves, é demais. E é disso que eles estão falando na Inglaterra agora, estou bem feliz com isso. Os ingleses sempre passam por períodos musicais de dois anos, em ciclos, e agora eles estão nessa um pouco. Fizemos uma matéria pra uma revista de lá e eles uma matéria sobre esse período das raves e tal.

BN – Você acha que isso está voltando?

Na Inglaterra, por agora. Punk funk re-começou lá, eles estão sempre definindo que período vai acontecer novamente. Eu gosto dessa música, acho que é tão boa quanto Led Zeppelin ou outra música que as pessoas dizem “isso é bom”. Gosto de Depeche Mode tanto quanto esse tipo de som. É interessante.

A Inglaterra é importante, especialmente no jornalismo e para as pessoas que amam música de verdade. Os jornalistas de lá sabem das coisas, não é como “quem é você ou com qual banda você parece?”. Eles sabem exatamente o que estão fazendo. Eles sabem, então é bom.

BN – Então o que de bom tem aparecido por aí? Quais bandas novas você tem ouvido?

Tem um selo novo de Nova York chamado What’s Your Rupture? que é interessante. Eles lançaram o Love Is All, The Long Blondes, uma banda chamada Bill Cosby and His White Pudding Pops, Cause Comotion… São todas bandas bem, especificamente, meio… pop, mas com uma pegada pós-punk, fazendo menção aos anos 80, mas é boa música, ingênua, da mesma maneira que a K Records é ingênua, sabe? Vocês podem me dizer se é bom mesmo quando ouvirem. Mas eu gosto.

BN – Vocês tem planos de ir ao Brasil novamente?

Se nós formos convidados!

BN – O que você lembra do Brasil?

Eu fui no Cristo gigante, no topo da montanha, à praia, tocamos no festival com o White Stripes. Lembro de estar sentado na piscina e a Meg White estava lá também. Tocamos no palco principal, isso foi legal.

BN – O show de vocês foi considerado um dos melhores do festival. Você teve essa sensação?

Demais! A platéia era muito legal. Toda vez que alguém vai tocar na América Latina, dizem que a platéia é assim, então era o que eu estava esperando. E quando foi muito bom eu pensei, “bom, então é assim!”. Vou ficar muito decepcionado se hoje a noite [se referindo ao show na Cidade do México] não for bom. Talvez não seja a melhor expectativa…

BN – As pessoas tem que pirar?

É melhor pra gente, não tem graça se for como em Nova York ou qualquer outro lugar. Tantas bandas passam por lá que ninguém não dá valor.

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