quarta-feira

7

março 2007

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Entrevista – Explosions in the sky

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Os texanos do Explosions In The Sky, fazem longas músicas instrumentais, climáticas, com diversas camadas de guitarras hipnóticas, muitas vezes culminado, hmm, em grandes explosões.

A comparação com uma trilha sonora de cinema é imediata e, não por acaso, em 2004, o EITS compôs a trilha incidental do filme “Friday night lights”. Estrelado por Billy Bob Thornton, o filme, baseado num livro sobre uma história real, conta a história de um time de futebol americano de Odessa, cidade próxima de onde três dos integrantes cresceram.

Aproveitando o lançamento do seu quinto disco, “All of a sudden I miss everyone”, o URBe conversou, via e-mail, com Mark Smith, um dos três guitarristas da banda.

A música do Explosions in the sky tem um tom melancólico. Não exatamente triste, mas contemplativo. Quais são suas inspirações e intenções?

As mesmas coisas que inspiram a maior parte das pessoas a fazer música, basicamente, nossas vidas. Não acho que nenhum de nós leva uma vida especialmente excitante, mas apesar disso (ou provavelmente por causa disso) nós somos pessoas muito contemplativas. Nossa variações de humor levam as nossas dinâmicas, nossos arrependimentos e esperanças aos nossos tons, etc.

Sem letras para determinar o clima, o que serve como guia para EITS ao escrever as músicas? O que surge primeiro?

As guitarras sempre vem primeiro. Geralmente alguém toca um riff simples, todo o resto tenta acompanhar e se desenvolve a partir daí.

Rótulos são um saco, músicos não gostam disso, mas eles existem. Nesse sentido, como você classificaria o som do EITS? Post rock?

Post rock não foi definido o suficiente para ser significativo. Nós nos consideramos simplesmente uma banda de rock.

Que tipo de som a banda escuta, além das referências óbvias que se espera, como Fugazi, Mogwai, etc?

Nos últimos anos, todos nós expandimos além das nossas influências iniciais. Escutamos bastante música ambient (Stars of the Lid, Belong, Eluvium), soul dos anos 60 (Sam Cooke, Nina Simone), hip hop (Clipse, MF Doom), metal (Mastodon, Ludicra)… Além do que, todos nós temos um fraco por música pop realmente boa (Jens Lekman, The Shins).

O disco novo, “All of a sudden I miss everyone”, soa mais pesado, mais alto, com mais guitarras distorcidas. Era essa a intenção?

Não, eu não diria que essa era a intenção, mas ficou bem claro, desde o início — “The birth an death of the day” foi a primeira música que compusemos para esse disco. O disco novo é mais pesado que “The earth is not a cold dead place”, mas não tão pesado quanto “Those who tell the truth…”, eu acho. Gosto de pensar que esse disco é mais diversificado que os outros.

Vocês gravaram o disco no estúdio Pachyderm, o mesmo no qual o Nirvana gravou o “In utero”. Fale sobre essa escolha, esse estúdio sendo em Minessota e não no Texas, de onde vocês são.

John Congleton, o engenheiro de som de “All of a sudden I miss everyone” e do “The earth in nota a cold dead place”, foi quem sugeriu esse estúdio. Ele nos mostrou umas fotos na internet, falou sobre o Nirvana e nós compramos a idéia. E acabou sendo uma grande escolha — nós amamos — num lugar bonito e remoto, cheio de árvores, redes, trilhas, lagos, etc.

Dessa vez, uma tiragem com um disco de remixes acompanha a versão original (o disco traz um remix do Four Tet, Eluvium, The paper chase e outros). De quem foi essa idéia e como os convidados foram escolhidos?

A idéia do disco de remix foi do Jeremy Devine, responsável pelo Temporary Residence (nosso selo nos EUA). Nós escolhemos os artistas junto com ele. Sinceramente, estou totalmente extasiado como disco de remixes, amo todas as versões.

As músicas soam muito diferentes ao vivo. Mesmo nos discos, o aspecto de improvisação parece bem importante. Vocês estão acostumados a tocar em lugares grandes e ao ar livre, como o Coachella? Esse cenário parece se encaixar bem com a banda.

As músicas ficam bem parecidas com as versões gravadas quando tocamos ao vivo e isso porque nós gravamos os discos ao vivo. Escrevemos cada canção tendo certeza de que podemos tocá-la ao vivo. Nós improvisamos para criar músicas, mas depois de escritas, elas permanecem basicamente iguais.

Nós já tocamos em alguns festivais ao ar livre, mas nenhum tão grande quanto o Coachella. Certamente há algo legal num show para milhares de pessoas, mas para ser sincero, nós preferimos lugares pequenos.

A cena independente no Brasil está se organizando, embora o caminho ainda seja longo. Vendo daqui, banda americanas e européias parecem ter mais saída para sua música e, mesmo as menores, conseguem viver disso. Isso é real ou é uma interpretação errada? Como é a vida de uma banda independente nos EUA?

Essa é uma questão difícil de responder. Nós nos consideramos EXTREMAMENTE sortudos, porque estamos tendo a chance de fazer exatamente o que nós amamos e ganhamos dinheiro o suficiente para viver apenas da banda, sem precisar de outros empregos.

Obviamente, poucas bandas nos EUA podem fazer isso. Em outros países (como Canadá e alguns da Europa) existem subsídios artísticos oferecidos pelos governos, nos EUA não. Entretanto, parece haver mais chances para bandas menores hoje em dia, principalmente graças a internet.

A internet foi importante para divulgação do trabalho do EITS?

A internet tem sido muito importante para nós. Muita gente descobriu nossos primeiros discos (os quais tiveram muito, muito pouca promoção e propaganda) no boca-a-boca, a maior parte feito pela rede. E continua acontecendo assim.

Você conhece alguma das bandas brasileiras que transitam pelo post rock (por falta de termo melhor), entre eles Hurtmold e M. Takara?

Não, nunca ouvi nenhum desses. Estamos em turnê agora, então é bem difícil conferir os saites. Farei isso no futuro.

Alguma chance de ver o EITS no Brasil?

Por favor, peça alguém para nos convidar, porque nós adoraríamos ir!

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  1. Rod
  2. Carol *
  3. Felipe Continentino

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