terça-feira

29

setembro 2009

4

COMMENTS

Entrevista – Dan Carey (produtor de “Tonight” e “Blood” do Franz Ferdinand)

Written by , Posted in Música


“Backwards On My Face” (Twilight Omens Dub Version)

Quando o disco “Tonight: Franz Ferdinand” estava prestes a ser lançado, veio a surpreendente notícia de que haveria também uma versão dub do disco.

Historicamente o punk e o dub tem uma relação estreita, principalmenten os anos 70, culminando com o The Clash chamando Lee “Scratch” Perry pra produzir o disco triplo “Sandinista”.

No entanto, fazia tempo que uma banda de rock não se aventurava por esse caminho, ao menos não de maneira tão radical. “Blood: Franz Ferdinand”, um disco inteiro do Franz Ferdinand ganhando o tratamento jamaicano, gerou expectativas.

O nome que assinava as versões era Mr. Dan, pseudônimo de Dan Carey, que além da versão original “Tonight” e a dub “Blood” do Franz Ferdinand, já produziu faixas e discos do Cansei de Ser Sexy, Roisin Murphy, Ladyhawke e remixou Massive Attack e Sebastien Tellier, entre outros.

Na época pedi uma entrevista, que acabou não respondida. Com a vinda da banda ao Brasil essa semana, entrei em contato novamente e dessa vez Dan Carey respondeu as perguntas.

URBe – De quem foi a idéia de fazer uma versão dub do disco, você ou a banda?

Dan Carey – Produzi a versão original do disco, “Tonight”. Enquanto estávamos gravando eu fazia vários pré-mixes das faixas pra testar, enquanto as coisas iam acontecendo. Sempre passo algum tempo nesses testes para ter idéia para a mixagem final. Sempre que mixo uma faixa, faço uma versão dub, por hábito e por diversão. Quando eu mostrava as versões dub a banda sempre amava o som e rapidamente eles tiveram a idéia de eu fazer uma versão dub do disco todo.

URBe – Como a banda chegou a você?

Dan Carey – Sempre fui fã da banda e o Lawrence [Bell], da [gravadora] Domino me apresentou para o Nick [McCarthy] e o Alex [Kapranos].

URBe – Quais outros artistas você havia produzido antes? No que está trabalhando agora?

Produzi e mixei discos para Emiliana Torrini, Garrison Hawk, Joe Lean and the Jing Jang Jong, CSS, M.I.A. e no momento estou produzindo o disco da Alice McLaughlin.


Dan Carey com o maior baixista da música jamaicana, Robbie Shakepeare

URBe – Qual sua relação com o dub?

Dan Carey – Fui guitarrista do Nick Manasseh, que m e deixava passar bastante tempo em seu estúdio e ensinou-me a fazer discos. Porque fazia somente dub, tudo que faço vem dessa perspectiva.

Também passei um tempo na Jamaica com Sly and Robbie. Uma noite fiz um dub de uma faixa, eles amaram e me trouxeram várias gravações originais para eu fazer versões dub delas. Gravei muitas coisas com ele que gradualmente estou transformando num disco de dub.

Também tive uma noite estranha na casa do Lee Perry, na Suíca, onde ele me contou muitas coisas interessantes.

URBe – E a relação do Franz Ferdinand com o dub?

Dan Carey – Todos nós compartilhamos o amor pelo eco.

URBe – Recentemente eles tiveram um documentário sobre a turnê deles na América do Sul feito pelo Don Letts, que nos anos 70 apresentou o reggae e o dub para os punks, como o The Clash, influenciando totalmente o som deles. Você acha que essa convivência possa ter algum papel no interesse da banda pelo dub?

Dan Carey – Com certeza deve ter tido, mas nunca falei disso com eles.


A lenda Lee Perry e Dan Carey

URBe – A sonoridade de “Blood”, a versão dub do “Tonight”, se aproxima mais ao que é entendido como dub no meio da house music, um remix sem vocais. Você concorda?

Dan Carey – Não muito (a não ser por “Die On The Floor”, que realmente era pra ser um club mix). A abordagem — em termos de como os efeitos foram arranjados, o fato de que todos eles são sessões de dub “ao vivo” editadas juntas — é o mesmo. Tentei evitar efeitos que soassem muito “antigos”, então não tem tanto eco de fita, reverb de mola quanto poderia ter. Acho que reestruturei algumas faixas, o que não é tão tradicional.

Deixe uma resposta

4 Comments

  1. Beni Borja
  2. Bruno Natal
  3. Segall

Deixe uma resposta