Encarando o Demdike Stare
Written by urbe, Posted in Música, Resenhas
Estampando a capa da atual edição da Wire, o Demdike Stare chegou ao Rio em alta para dar início a sequência de shows do festival Novas Frequências. Techno, ambient, dub, samples de filmes de terror, chiados de vinil e cacetadas de grave foram alguns dos recursos utilizados pela dupla de Manchester para abduzir o público.
Na maior parte do tempo apenas sugerindo melodias e batidas, as composições do Demdike Stare funcionam como peças, colagens sonoras que vão pingando no cérebro, desenhando-se pouco a pouco, de forma sutil. É uma audição ao mesmo tempo transcendental e extremamente exigente em termos de atenção.
Divididos entre diversos equipamentos, um opera filtros, pedais e sequenciadores, enquanto o outro sampleia vinis e cuida da parte visual no telão. Uma postura meditativa faz com que o transe se instale, para logo se começar a ouvir coisas onde não tem. Como se a mente tentasse preencher os espaços com outros elementos, numa experiência interativa mental e extremamente pessoal, sons imaginados (ou desejados) complementam a imersão.
Envoltos numa atmosfera assombrosa e assombrada – muito por conta dos samples cuidadosamente selecionados, muitos tirados dos arquivos de ciência e ficção científica da BBC – algumas referências se fazem presente. Um Prodigy desacelerado aqui e timbres noventistas acolá (como disse, cada um ouve o que quer naquela imensidão) dão ao espectador onde se segurar, um mínimo de familiaridade durante o mergulho por densas camadas atmosféricas.
Mesmo com tanta chapação, as cabeças na platéia chacoalhavam, corpos sendo sacudidos de dentro pra fora numa pista de dança interior.
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Enquanto não chega um registro da apresentação dessa terça no Oi Futuro, assista abaixo um set da dupla no Boiler Room: