terça-feira

12

janeiro 2016

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DEP: David Bowie, 1947-2016

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David Bowie

David Bowie, 1947-2016.

O dia começou com um susto, muito parecido para todos. Conforme cada um foi acordando, deparava-se com um feed (em qualquer rede social) tomado com a notícia da morte de David Bowie. Dias após lançar seu último disco e de completar 69 anos. Um dos gigantes da música, melhor, da arte fez sua passagem, mais cedo do que todos esperavam.

Sempre será cedo demais para um gênio desse porte. A contribuição de Bowie transcende o campo do rock ou mesmo da música (de Lou Reed, Velvet Undergrond e Iggy Pop a Kraftwerk e Brian Eno), espalhando-se pela moda, cinema, artes plásticas, com foi bastante falado nos últimos dias, é um verdeiro legado, sem exageros.

No entanto, chamou a atenção como sua morte tocou pessoas muito além dos fãs ardorosos ou centenas de celebridades que trabalharam ou conviveram com o Thin White Duke. Pessoas que não eram profundas conhecedoras de sua obra ou admiradores, falaram da influência de Bowie em suas vidas, revelando o impacto cultural que Ziggy Stardust teve no mundo inteiro. Mesmo que essa reafirmação não fosse exatamente necessária, vê-la, cristalizada, foi comovente. E abafou o já tradicional chororô de “agora todo mundo é fã”. Porque (quase) todo mundo é mesmo.

Mesmo quem imaginava Bowie como um artista distante, foi lembrando do vilão Jareth, the Goblin King do filme “Labirinto”, de dançar “Modern Love” ou “Let’s Dance” nas festinhas da escola nos anos 80 (e nas da adolescência, depois de adulto, de bodas…), de ouvir “Astronauta de  Mármore” no rádio (versão de “Starman” feita pelo Nenhum de Nós), de ficar curioso sobre  fixação de Christiane F. com suas músicas enquanto lia escondido dos meus pais sobre sua viagem ao fundo do poço através da heroína, do Wallflowers tocando “Heroes” na trilha de Godzilla, da emblemática interpretação de Kurt Cobain de “The Man Who Sold the World” ou das versões em português de Seu Jorge gravadas para “A Vida Marinha com Steve Zissou”.

De um jeito ou de outro, Bowie esteve sempre próximo. Não fui ao show de Bowie no Metropolitan, em 1997. O mais perto que estive dele foi mais ou menos nessa mesma época, quando olhava livros na lojinha do MoMA, em NY, e um amigo avisou: “o Bowie acabou de sair aqui da loja, você viu?”. Saí correndo, mas a porta rotatória atrasou minha saída. Cheguei a vê-lo de costas, dobrando a esquina, sumindo na multidão.

Transformando sua despedida em um último ato, Bowie foi artista até o fechar das cortinas. O cameleão mudou de cor uma última vez e agora é toda elas ao mesmo tempo. Obrigado, Bowie.

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