sexta-feira

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setembro 2008

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De 60 a 2K

Written by , Posted in Urbanidades

Ao visitar uma exposição do Robert Altman, só com fotos tiradas para a Rolling Stone nos anos 60, dei uma cagada monumental. A mesma galeria, Idea Generation, sediaria um leilão de memorabilias do rock no dia seguinte e por sorte todos os itens estavam expostos para visitação da imprensa.

Entre o contrato original dos Beatles com Brian Epstein, discos autografdos por Elvis Presley e a partitura assinada de “We are the world” (nem tudo era interssante…) estava a guitarra incendiada por Jimi Hendrix em um show na Inglaterra, em 1967.

O instrumento estava perdido e foi reencontrado pelo antigo assessor de imprensa de Hendrix, ano passado. A estimativa era que a guitarra alcançasse um lance máximo de 1 milhão de dólares guitarra foi vendida por £ 280 mil.

Não era nem pra ter visto o troço tão de perto — no leilão, aberto ao público, os objetos ficam bem longe — muito menos botar a mão e tirar essa fotinho. Clássico.

Devidamente energizado, o passeio pelas fotos foi bacana, perdido na melancolia de observar um tempo que não vivi. Essa frustração, tão comum nas gerações vindas do final dos anos 70 pra frente (vide o caso dos hipsters), tem muitas explicações.

Uma delas é que o tempo melhora tudo através de sua memória seletiva. Visto por um ângulo específico, as coisas podem parecer melhores e maiores do que foram.

Não que os anos 60 não tenham sido o que dizem que foi. Deve realmente ter sido bem perto disso. Mas querer que as coisas se repitam da mesma maneira seria pregar um retrocesso de certo modo até desrespeitoso. Como se o que foi conquistado não tivesse vingado e fosse necessário passar por aquilo de novo (OK, em muitos casos é isso mesmo).

Do ponto de vista estético, pode-se dizer que o registro da época, feito em filme e película, é mais bem acabado e selecionado, se por nenhum outro motivo, pelo custo de produzir. Hoje em dia, com câmeras digitais bem acessíveis, mais gente tira foto, a maior parte de qualquer jeito, gerando um alto volume e dificultando encontrar o que presta entre tanta porcaria.

De todo modo, enquanto uns ficam olhando pra trás e se lamentando, uma outra transformação tão ou mais importante quanto está em curso. Nossa revolução é outra. Você sabe do que estou falando, está sentado olhando ela de frente, bem agora.

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  1. Bruno Natal

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