Céu, “Caravana Sereia Bloom” (2012)
Written by urbe, Posted in Destaque, Música
Duas coisas são extremamente estimulantes quando o assunto é ouvir música, pela ordem: conhecer um bom som (novo ou antigo) e ver um artista que gosto tentar novos caminhos – mesmo quando dá errado (mesmice é um saco).
Em “Caravana Sereia Bloom” Céu atende ambos os quesitos. A menina tímida dos primeiros shows vai dando lugar a uma cantora corajosa, amadurecendo como compositora, sem medo de tentar. Além de ter tomado a frente e escrito algumas das canções, ela também produziu e tocou as vinhetas no Garage Band.
http://youtu.be/_ocYyB8jS70
Mais ambientada com os parceiros e com o próprio processo de feitura de um disco, a influência do reggae continua forte, porém dessa vez Céu resolveu passear por outros lugares. Em entrevista para o Diginóis, Céu fala do “Caravana Sereia Bloom” como um road disco, uma viagem – sempre as viagens – pelas estradas da vida dos artistas.
O tema não determina a sonoridade, acabou sendo mais subjetivo e pode facilmente ser ignorado na audição, o que é bom. Mais determinante foi a troca de produtor. Sai o estilo mais polido de Beto Vilares, responsáveis pelos seus dois primeiros discos, entra a crueza e ambientação cinematrográfica de Gui Amabis, seu marido.
A vontade e em casa, o que deve ter ajudado a deixar passar algumas moduladas vocais ficarem “sem conserto” (o que é ótimo), Céu assina seis das 13 faixas. Sai a chanteuse, entra a artista, se expondo mais.
Essa ausência de um lugar fixo, o movimento conceitual, se reflete nas influências musicais do disco. Antes mais presa a groovezeira, dessa vez Céu dá um volta pela psicodelia do rock setentista (“Retrovisor”), a estética lo-fi (o visual do vídeo das gravações publicado no YouTube antes do lançamento já dava a dica), as programações terceiro-mundistas, sem deixar pra trás o rocksteady (“You Won’t Regret”, Lloyd Robinson e Glen Brown) e o afrobeat (“Contravento”).
O caldo tem Dustan Gallas, Fernando Catatau, músicos da Nação Zumbi (Lúcio, Dengue e Pupillo) puxando a sonoridade para o Norte/Nordeste, Bruno Buarque, Curumin e Lucas Martins pro Sudeste, versões de Nelson Cavaquinho e parcerias com Lucas Santtana (“Contravento” e “Streets Bloom”) e Jorge Du Peixe (“Chegar em Mim”).
Se fosse um vinil, o lado B seria mais interessante. Se na primeira metade do disco que Céu experimenta outros sons, é na segunda que as misturas estão mais bem resolvidas e onde também estão as duas jóias do disco. A dobradinha que fecha os trabalhos, “Streets Bloom” e “Chegar em Mim”, são Céu em seu melhor. Chapada, hipnótica, se descobrindo e, principalmente, se permitindo.
Bruno, sou fã de primeira hora da Céu e acho, na boa, que tem muita repetição dos dois álbuns anteriores. Mas como ainda estou em “processo de audição”, pode ser que mude de opinião mais pra frente. Agora um lance é unânime: o final do disco – “Stress Bloom” e “Chegar em Mim” (a melhor do disco, na minha opinião) – são as joias da coroa deste trabalho. Abs,
Repetição ou a cara dela mesmo, né, isso não tem mto jeito. Mas o clima geral do disco pra mim é bem diferente dos outros.
eu achei meio fraquinho, sei lá.. muito 3 na massa.. queria escutar mais dub/afrobeat. Espero assistir logo um show pra ver se eu mudo de opinião.
Ainda não ouvi, mas a sua resenha me deu vontade de ouvir o disco.Bem, eu ouviria de qualquer jeito, já que admiro os outros discos dela, mas a resenha deu água na boca.
Achei sensacional o fato de que os dois “novos” artistas de que mais gosto – Lucas Santtana e CéU – estão compondo juntos.Foda.
Céu é uma artista de prima, sempre apostei nela e tô curtindo bastante o disco novo. Tb apoio a mudança e concordo com o lance do lado B… Na verdade a ordem das músicas me incomodou um pouco, soou meio “picotado”, algumas parecem que não se encaixam, tipo Falta de Ar/Amor de Antigos. Mas como a própria Céu falou no interesse de algo meio rascunho, tá valendo. Aprovei, mas te digo que o Vagarosa me surpreendeu bem mais.
Mesmice, vide Marisa Monte, é mesmo um saco!
E como cantou o Lucas Santtana: – citando Guimarães Rosa – Deus quer da gente é coragem.
Sou grande fã da moça, mas não curti muito esse disco, não.
Achei as músicas fracas(as letras são boas), sem groove, sem viço, sem força – excetuando uma ou outra, claro. Retrovisor, Baile da Ilusão e Streets Bloom são minhas preferidas.
Mudar é mais do salutar, mas não achei que ela fez grande negócio em trocar o reggae/dub/afrobeat pelo pop/rock/brega estilizado.
Valeu a tentativa, mas acho que errou mais que acertou.
PS: Contravento é um afrobeat ?! Fela Kuti concordaria? Vou ouvir de novo.
Sabe, putz, tenho ouvido esse disco e tenho gostado mais.
As vezes isso acontece – de não gostar de cara e depois apreciar – com discos, livros, filmes, pessoas…
PS: Verdade, cara, Contravento pode-se dizer um afrobeatizinho.
É a 10km por hora, mas é.
Salve Céu e sua linda voz.
Zé Henrique mudando de opnião tô gostando de ver aí sim! hehehe aqui é Mary que sempre comenta no Blog Notas Musicais eu gostei bastante do disco minhas prediletas Contravento, Streets Bloom, Retrovisor , Chegar em Mim e Palhaço.
Simplesmente linda. Canção bem escrita, arranjos econômicos, fraseado, divisão, melodia… enfim, um disco referência. Bom gosto ao extremo. Parabéns e obrigado!
disco do bão.
concordo que tá meio picotado mesmo, tem um tanto de música que parece ser de discos diferentes mas acho que o formato “quadrado” e “fechado” da bolachona/bolachinha já nem é mais o mesmo.
a experiência de ouvir esse disco é sensacional, pena que e uma short trip…
Chegar em Mim é das melhores canções que a Céu já gravou.
muito doce esse álbum, visuais fantásticos, uma dilícia!
aaaaaai, nhônhô!
É simplesmente um disco com outra cara… Com um cheiro de casa de vó, de coisa antiga. É interessante .. Sumiu com toda a malícia e o groovie de Vagarosa.
Viciadíssima no caravana, que não sai do meu carro. Repeat mode on.
Disco fantástico!!! Super bem produzido. A música “Streets Bloon” é excelênte!! Viciante.
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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