quarta-feira

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fevereiro 2012

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Céu, “Caravana Sereia Bloom” (2012)

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Duas coisas são extremamente estimulantes quando o assunto é ouvir música, pela ordem: conhecer um bom som (novo ou antigo) e ver um artista que gosto tentar novos caminhos – mesmo quando dá errado (mesmice é um saco).

Em “Caravana Sereia Bloom” Céu atende ambos os quesitos. A menina tímida dos primeiros shows vai dando lugar a uma cantora corajosa, amadurecendo como compositora, sem medo de tentar. Além de ter tomado a frente e escrito algumas das canções, ela também produziu e tocou as vinhetas no Garage Band.

http://youtu.be/_ocYyB8jS70

Mais ambientada com os parceiros e com o próprio processo de feitura de um disco, a influência do reggae continua forte, porém dessa vez Céu resolveu passear por outros lugares. Em entrevista para o Diginóis, Céu fala do “Caravana Sereia Bloom” como um road disco, uma viagem – sempre as viagens – pelas estradas da vida dos artistas.

O tema não determina a sonoridade, acabou sendo mais subjetivo e pode facilmente ser ignorado na audição, o que é bom. Mais determinante foi a troca de produtor. Sai o estilo mais polido de Beto Vilares, responsáveis pelos seus dois primeiros discos, entra a crueza e ambientação cinematrográfica de Gui Amabis, seu marido.

A vontade e em casa, o que deve ter ajudado a deixar passar algumas moduladas vocais ficarem “sem conserto” (o que é ótimo), Céu assina seis das 13 faixas. Sai a chanteuse, entra a artista, se expondo mais.

Essa ausência de um lugar fixo, o movimento conceitual, se reflete nas influências musicais do disco. Antes mais presa a groovezeira, dessa vez Céu dá um volta pela psicodelia do rock setentista (“Retrovisor”), a estética lo-fi (o visual do vídeo das gravações publicado no YouTube antes do lançamento já dava a dica), as programações terceiro-mundistas, sem deixar pra trás o rocksteady (“You Won’t Regret”, Lloyd Robinson e Glen Brown) e o afrobeat (“Contravento”).

O caldo tem Dustan Gallas, Fernando Catatau, músicos da Nação Zumbi (Lúcio, Dengue e Pupillo) puxando a sonoridade para o Norte/Nordeste, Bruno Buarque, Curumin e Lucas Martins pro Sudeste, versões de Nelson Cavaquinho e parcerias com Lucas Santtana (“Contravento” e “Streets Bloom”) e Jorge Du Peixe (“Chegar em Mim”).

Se fosse um vinil, o lado B seria mais interessante. Se na primeira metade do disco que Céu experimenta outros sons, é na segunda que as misturas estão mais bem resolvidas e onde também estão as duas jóias do disco. A dobradinha que fecha os trabalhos, “Streets Bloom” e “Chegar em Mim”, são Céu em seu melhor. Chapada, hipnótica, se descobrindo e, principalmente, se permitindo.

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