¡Arriba!
Written by urbe, Posted in Resenhas
Rapture: “W.A.Y.U.H.”
A primeira edição do Nokia Trends no México começou bem. No último sábado, The Rapture, Kasabian, Art Brut e No Somos Machos tocaram na capital, para um público de aproximadamente 3.500 pessoas (a maioria convidados, apenas mil ingressos foram postos a venda, cota mínima exigida pelo Kasabian).
Os show aconteceram num galpão, num bairro chamado La Condesa. O lugar é conhecido como o Soho mexicano e está em alta entre os jovens atualmente, pela grande concentração de bares e restaurantes e eventos culturais.
O Art Brut abriu a noite, ainda cedo, umas 21h, quando o lugar ainda começava a encher. Tidos como grande revelação, a banda não fez juz a fama. O som estava tão ruim que causou apreensão sobre como seria o resto da noite. Mais tarde, quando as outras atrações subiram no palco, com bom som, ficaria claro que o problema era mesmo com o Art Brut.
O vocalista é carismático e o resto dos integrantes tem boa presença de palco, mas isso não é suficiente. Não é meramente uma questão técnica, algumas vezes isso não importa. As letras são bobas, a voz do cantor não existe (ele fala, não canta), falta pressão e entrosamento entre os músicos.
O êxito dos reality shows pode servir pra explicar o sucesso de grupos como o Art Brut. A empatia gerada no público ao ver uma pessoa “normal” na televisão é a chave para a boa audiência desses programas. Mesmo para quem não está participando do programa, a televisão deixa de ser um lugar inatingível, aproximando-se do telespectador.
Seguindo esse raciocínio, com a música acontece algo similar. É como se o fato daquele camarada que não sabe cantar, numa banda que não consegue nem passar o som, estar viajando o mundo, significasse que o palco não é um lugar tão distante. Talvez, seja melhor que continue sendo.
Kasabian: “Reason is treason”
Há sete meses sem fazer shows, dedicados exlusivamente a terminar seu segundo disco — “Empire”, novamente produzido por Jim Abiss e que chega as lojas em setembro — os ingelses entraram em cena com vontade de tirar o atraso. O show foi dividido em duas partes, primeiro as músicas com pegada mais rock e depois as voltadas pra pista.
“Club foot”, “Processed beats”, “Reason is treason” e “L.S.F.”, hits do primeiro disco, se juntaram a inéditas, tocadas pela primeira vez em público. Ao vivo, a mistura de Primal Scream, Chemical Brothers, Happy Mondays e Stone Roses e Oasis funciona tão bem quanto no disco, com a vantagem da energia da banda valorizar algumas músicas.
Rapture: música nova
O Kasabian esquentou, mas a noite era do Rapture. A banda também se prepara para lançar o segundo disco, um dos lançamentos mais aguardados do ano, e não se apresentava há um tempo. Os mexicanos se espremeram no pequeno espaço para assistir os nova-iorquinos.
“Sister saviour”, “Echoes”, “Olio” e o encerramento com a música que catapultou a banda para o sucesso, “House of jealous lovers”, serviram pra matar saudades do show deles no Brasil, em 2003. O melhor mesmo foi a quantidade de músicas novas que foram tocadas, umas cinco.
De acordo com Luke Jenner (voz e guitarra), o baixista Mattie Safer canta em cerca de metade do disco, ainda sem nome. No show deu pra perceber que os vocais estão menos gritados, ameaçando até algumas harmonizações entre os dois cantores.
Os boatos de que Danger Mouse, que produziu o último Gorillas e é metade do Gnarls Barkley, comandou as gravações é quase verdade. Na realidade, ele produziu apenas duas faixas, o restante ficou por conta da dupla Paul Epworth (Bloc Party) e Ewan Pearson.
A apresentação foi toda filmada por um cara que está seguindo todos os passos da banda; na coletiva de imprensa, no hotel e no palco. Empolgado, Jenner pulou no meio do público e o Rapture parece ter gostado da recepção as novidades.
Eram umas 2h20 quando a dupla No Somos Macho começou a tocar. Nem deu tempo de sacar qual é a deles. As 3h os copos de tequila com refrigerante sumiram do bar, as luzes acenderam e a música parou. No México, parece, a festa acaba cedo.