A marcha dos pinguins
Written by urbe, Posted in Resenhas
foto: Ivo Gonzalez (O Globo)
1 milhão e 200 mil pessoas se espremeram na praia de Copacabana para assistir o maior show de rock da história. Fora os outros milhões que viram pela televisão mundo afora e os outros milhares que ainda vão conferir nos cinemas e em DVD, até o final do ano.
De graça não foi. Além do patrocínio de uma empresa telefônica, a prefeitura do Rio desembolsou R$ 1.600.000, fato bastante questionado na imprensa. Cada um dos presentes pagou, via impostos, cerca de R$1,33 pelo show, barato até. E um bom investimento, considerando-se o retorno de imagem conseguido pela Cidade Maravilhosa.
O caos aguardado (ansiosamente por alguns), não veio. Cheguei faltando uns 30 minutos para o show e consegui ficar relativamente bem posicionado, junto a primeira torre de som. O que não significa que chegar até ali tenha sido fácil.
Depois de ser convidado a sair do táxi ainda na Lagoa (“amigão, daqui pra frente é melhor você ir andando”), caminhei pela orla da Rodrigo de Freitas e cruzei a praia de Copacabana praticamente de ponta-a-ponta. Como os pinguins do documentário francês, milhares de pessoas faziam caminho igual, indo na mesma direção quase que instintivamente.
Faltava encontrar os amigos. Pra você ter uma idéia do clima que imperava, enquanto estava concentrado no celular, mandando torpedos para diversas pessoas na esperança de encontrar alguém, fui interrompido pelo seguinte diálogo:
— Cumpadi, você é daqui?
— Sou.
— Você conhece esse cara de gola laranja, atrás de você?
— Qual?
— Esse aí. Ele tá contigo?
— Não.
— Então se liga que ele tá te marcando.
— Opa, valeu.
Camaradagem total. Show que é bom, deu pra ver pouco. As caixas ao meu lado não funcionavam e, tirando a hora que o palco deslizou para frente, a boca de cena estava encoberta por estruturas metálicas de som, luz e TV. O lance era entrar no clima, jogar cerveja pro alto, gritar rolitóne!, essas coisas.
Ao final da apresentação, a meia-noite, o público literalmente voltou no tempo. Não aos anos 70, como queriam fazer crer a tonelada de reportagens no estilo freak show (idosos, um deles alcóolatra, fazem show de rock em Copacabana, você não pode perder!) que precederam o show. Foi só o fim do horário de verão, obrigando os relógios serem atrasados em uma hora.
Apenas rock and roll, e eu gosto. Não dava pra perder.
bom título! foi um show bonito e emocionante de ver mesmo pra quem viu de casa como eu. A energia dos caras é fenomenal! E a barriga sarada do Mick Jagger!!!
Qualé Bruninho, tu não é VIP? 🙂
abs,
Olha, Antonio, houve um tempo em que o URBe era VIP. Frequentava a alta roda, era sempre credenciado para eventos desse porte, etc.
Em algum ponto da história, os convites cessaram, as portas se fecharam, mas a música não parou.
Ninguém consegue explicar o que aconteceu. Há quem diga que um certa matéria descascando os eventos patrocinados por telefônicas ajudou a fechar meia dúzia de portas (e são apenas seis portas mesmo).
Vai saber.
Haha… Bruno, tu tá escrevendo cada vez melhor!
hehehehe.. eu tambem tava na primeira torre malandro.. perto do mar
só tu mermo… hehehe
Fala, Bruno!
Mandou bem. Várias dessas paradas tb aconteceram comigo. Percebi a camaradagem (tá, não dessa maneiro como aconteceu com vc), vi pouco do shows, mas ouvi bem… Histórico.
Grande abraço, cara.
O Show foi maravilhoso!
E eu, como um fá maluco por Stones, cheguei as 14:00 na praia de copa pra ver dor gargarejo.Bom, foi uma experiência que não espero nunca mais repetir, loucura total! Mas Stones é Stones, and i´d like it!
Show excelente!!! Brabo era aturar um sujeitinho de óculos que não parava de gritar “Rock’n Roll”, “Vaza” e “Rolitóne”
Sobre o fenômeno “os alternativos não são mais vip”, eu tenho uma teoria (supositória;):
ha um tempo, a industria pop respeitava com um certo temor o jornalismo alternativo da net, que estava surgindo… Hoje, não só o jornalismo alternativo se multiplicou (note: eles não distinguem nem querem distinguir o bom do ruim), como a industria pop ta percebendo que deve boicitar e evitar ao máximo quem é alternativo, quem pensa, quem se expressa a despeito de jabás e outros dinheiros… 😉
Mas, como vc falou, o trabalho não pode parar. Quem tem substância se sustenta.. todo o resto vai rodar… 🙂
/URBe
por Bruno Natal
Cultura digital, música, urbanidades, documentários e jornalismo.
Não foi exatamente assim que começou, lá em 2003, e ainda deve mudar muito. A graça é essa.
falaurbe [@] gmail.com
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