quinta-feira

30

setembro 2004

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100 anos de perdão

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Logo na abertura, uma voz debocha: “essa gravação digital é um oferecimento da EMI, maior empresa musical do mundo”. Na sequência, a voz de Peter Jennings, apresentador da ABC, confirma, “é mais um pesadelo de direitos autorais para indústria da música”. E é mesmo.

Dessa vez, o motivo da dor de cabeça é o Kleptones. Todas as bases do seu novo lançamento, “A night at the hip hopera”, foram feitas utilizando trechos de músicas do Queen, misturadas a vocais de nomes conhecidos do hip hop.

Como o nome indica, o Kleptones (algo como “cleptomaníacos sonoros”) não é estreiante no assunto. O Flaming Lips, entre outros, também já viu seu disco se transformar em “Yoshimi battles the hip hop robots”.

“A night at hip hopestra” sampleia vocais de nomes conhecidos: KRS-One, Bambaataa, Justin Timberlake, Grand Master Flash, Kelis, Dilated Peoples, Beastie Boys, Eminem e até Vanilla Ice e Iggy Pop se revezam no papel de Fred Mercury, além de diálogos retirados de filmes como “O grande Lebowski” and “Curtindo a vida adoidado”. Algumas coisas são fáceis de identificar, outras nem tanto. Tem até saite listando os “convidados” de cada música.

Pouco tempo depois do barulho causado pelo DJ Danger Mouse e seu “Grey Album” (que sampleava Beatles e Jay Z), a EMI, detentora dos direitos das músicas dos Beatles e do Queen toma outro golpe. Justamente no mês em que uma corte dos EUA determinou que os artistas devem pagar por qualquer sample utilizado, o disco está circulando freneticamente pela rede. Fina ironia.

Talvez, os executivos das grandes gravadoras devessem escutar o recado da música que encerra o disco, um manifesto contra as atuais leis de direito autoral utilizando exatamente “Who wants to live forever?” como base. É bom entenderem logo de vez e ceder aos novos tempos. Está mais do que provado que ninguém vai viver pra sempre nesse mercado.

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