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fevereiro 2015

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Transcultura #158: Aori // Back to the Moon

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Transcultura_OGlobo_Aori

Texto da semana passada para “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo.

Rimas Atualizadas
Pioneiro do hip-hop carioca e ex-integrante da cultuada dupla Inumanos, ele volta com novo EP, cobra profundidade do gênero e aposta em produções assinadas por mulheres
por Bruno Natal

Um dos nomes mais atuantes do hip-hop carioca e nacional, seja à frente da dupla Inumanos (ao lado do DJ Babão) ou como mestre de cerimônias da tradicional disputa de rappers Batalha do Real, o MC Aori saiu de cena e foi se dedicar ao marketing. Dez anos após o lançamento de “Volume dez”, único disco do Inumanos, ele volta ao microfone para lançar o EP “Anaga”.

— Nunca deixei de ser um MC na minha mente, mas foi preciso energia extra pra organizar essas histórias — conta ele. — Fiz hip-hop por 15 anos seguidos, sem parar, e dei um tempo pra refrescar a mente. Reciclei as ideias e agora tenho mais histórias pra contar, a partir de um novo ponto de vista. Nesse EP as histórias são bem pessoais, não é fácil botar isso pra fora.

Antes de “Anaga” — produzido por DJ Babão e Berna, com participações de Maomé (ConeCrewDiretoria) e Marcão Baixada —, o último lançamento de Aori havia sido a mixtape “Aumenta o volume”, em 2009. Além dos amigos e parceiros querendo ouvir coisas novas, o maior impulso para rimar de novo veio de casa.

— Hoje em dia a cena está revigorada, o que me motivou a bater essa bola com a galera de novo. E também queria que a minha filha tivesse essa imagem do pai músico — diz o MC, pai de Aaliyah.

Diferente das letras do Inumanos, repletas de metáforas exageradas, “como num gibi da Marvel”, Aori resolveu falar, de maneira mais leve, de coisas cotidianas. Segundo Marcão Baixada, as músicas são como crônicas, pequenos contos, “sobre nada”. As batidas secas e sem firulas valorizam o discurso.

— “Clima”, por exemplo, é um monte de divagações rimadas durante um dia muito quente de verão no Rio. Quem é daqui ou já passou um dia desses entende e sente o que rola no seu cérebro quando o termômetro bate 40 graus. Temos que andar sempre na batida, senão… — brinca o MC.

Para Aori, a popularização do hip-hop no Brasil e o acesso mais fácil à tecnologia mudaram a cena — nem sempre para melhor.

— De certa forma, o rap perdeu a potência no discurso, a representação. A cena está superviva, com muitos talentos, mas a gente não pode perder os fundamentos e a integração entre os elementos: rap, break, grafite e DJ. A velha e nova geração têm que se conectar e se comunicar, precisamos dividir o conhecimento — avalia.

Apontando na direção de nomes como Joey Bada$$, Roc Marciano, Childish Gambino e Run The Jewels, Aori enxerga no rap feminino o futuro do gênero.

— A cena de batalha lá fora está forte, pagando prêmios milionários. Por aqui, o hip-hop das mulheres é o novo caminho. O rap delas está muito mais verdadeiro que o dos homens. O rap do Brasil tem que se aprofundar, tem que promover o debate, não podemos empurrar as coisas para debaixo do tapete — afirma MC Aori.

O próximo disco não deve demorar tanto, garante ele. Nos planos do MC, está a volta do Inumanos.

— Vem aí o “Volume XI”! — anuncia. —Na real, esse EP é um esquenta para uma volta mais produzida. O Babão é um dos grandes responsáveis por esse EP, foi ele quem finalizou a pós-produção.

Tchequirau

O curta documentário “Back To The Moon” (“De Volta a Lua”) foi produzido pelo Google para divulgar a competição Lunar XPrize, patrocinada pela empresa, em que equipes estão sendo desafiadas a pousar um robô na lua. Dá um belo panorama da exploração espacial.

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