segunda-feira

23

abril 2012

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Transcultura #078: De volta pro futuro no Coachella 2012 // Caine’s Arcade

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Meu texto da semana passada para coluna “Transcultura”, que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Futurologia no Coachella
Festival reapresentaou atrações em seu segundo final de semana
por Bruno Natal

Nessa sexta começa o segundo final de semana do festival Coachella, na California. Tudo igualzinho a semana passada: as mesmas atrações, tocando nos mesmo horários, com a diferença de que o efeito surpresa se perdeu. O clima “De volta para o futuro” vem desde semana passada, seja através do retorno de bandas como At The Drive In e Mazzy Star, seja através da ressurreição do rapper Tupac Shakur emformato holográfico. Com isso, o exercício de futurologia que seria tentar prever os caminhos de um festival com quase 150 atrações, torna-se quase certeiro.

Neon Indian exagerará no lo-fi e mostrará um som mais gasto do que estiloso; o GIRLS manterá a fama de ruim de palco mesmo com o discão “Father, Son, Holy Spirit” como base; o Arctic Monkeys vai mais uma vez provar que não é mais um grupo de moleques; Frank Ocean vai arrastar uma multidão para a menor tenda do festival e contará com o apoio do Bad Bad Not Good e participação do Tyler The Creator; a Mazzy Star fará um showzão, mesmo enfadada; o Atari Teenage Riot sangrará ouvidos e o M83 se mostrará mais pop do que se pensava.

A Azealia Banks não fará uso de nem metade do tempo de palco que tem direito; o tUnE-yArDs não segurará a onda num palco maior; o Andrew Bird vai mostrar um folk sem muitas inovações além do seu violino; Noel Galagher apelará para uma música do Oasis pra conquistar o público; o The Shins vai fazer um show de dar sono ao mesmo tempo que a Feist, com 18 músicos no palco, fará uma das melhores apresentações do festival; o Flying Lotus tirará onda acompanhado de baixo e bateria; o SBTRKT sentirá a necessidade de provar que não é assim tão radiofônico e carregará a mão das versões das próprias músicas; o ASAP Rocky fará uma zorra no palco com mais de 10 amigos e o Radiohead atrasará um pouco pra mostrar que simplesmente re-arranjou as luzes do palco da turnê do “In Rainbows” para essa do “King of Limbs”.

O Metronomy fará do gramado uma pista de dança sob um sol de rachar; Seun Kuti encantará os gringos com a banda do pai; o Real Estate fará um show certinho, embora mais para os fãs; Beats Antique orientalizará o hip hop e o araabMUZIK mostrará com quantas MPCs se faz um performance; o Thundercat vai se embrenhar por uma masturbação jazzística; o The Weeknd vai cometer um assassinato em massa das canções da sua ótima mixtape; Justice e Girl Talk mostrarão mais do mesmo, sem que isso seja algo ruim, e espremerão o Beirut contra o Calvin Harris, tornando impossível ouvir qualquer coisa; o At The Drive In ensurdecerá quem tiver fugido do açucar da Florence & The Machine, enquanto DJ Shadow e Modeselektor sofrerão para competir com Dr. Dre & Snoop Dogg.  E no encerramento, quando Makaveli surgir digitalmente diante dos olhos incrédulos do público, o mesmo sentimento fantasmagórico tomará conta da platéia, mais assustada do que empolgada com o artíficio.

A única coisa que não deve se repetir é o tempo, com a inédita chuva no deserto dando lugar a tradicional solaca, queimando os corpos, enquanto a música frita o coco. Ao ponto, por favor.

Tchequirau

Apaixonado por fliperamas, Caine construiu versões elaboradas dos jogos utilizando pedaços de papelão, na garagem da loja do pai, em Los Angeles. O documentário “Caine’s Arcade” conta essa história e reserva uma grande surpresa no final.

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  1. Eduardo Albuquerque
  2. Daniel Neves

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