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outubro 2014

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Trancultura #148: Kode9 // GOAT

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foto: divulgação / Maximilian Montgomery

Texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo.

Kode 9, o acadêmico dos sons avançados
Filósofo, DJ e produtor, ele celebra os 10 anos do Hyperdub, selo que projetou o dubstep, e lança um EP em parceria com o MC Spaceape, morto esta semana
por Bruno Natal (colaborou Carlos Albuquerque)

O DJ e produtor escocês Kode9 é um dos principais articuladores da música eletrônica contemporânea e fundador do renomado selo Hyperdub, que está completando 10 anos. Seus sets são sempre uma aula de pista, passando longe de clichês e “cabecismos”. São pancadas de graves e batidas empenadas que fazem chacoalhar até o mais tímido dos esqueletos.

— Tento integrar house, hip-hop, techno, dubstep, grime e footwork nos meus sets, começando devagar e acelerando aos poucos. Costuma ser bem divertido trabalhar assim — afirma ele, que tocaria neste sábado na Wobble, mas teve que voltar a Londres, onde mora, e cancelar sua participação na festa por conta da morte do parceiro, o MC The Spaceape, ontem.

Por meio das próprias produções, Kode9 estabeleceu-se como um dos principais nomes da cena garage britânica e todas as suas ramificações, como 2-step, grime e dubstep. Por dubstep, entenda-se a matriz “original” — surgida no início dos anos 2000 em festas em Londres, influenciadas pelos subgraves produzidos pelos sound systems jamaicanos (assim como foram as cenas que o antecederam, como jungle e o drum and bass) —, e não o som criado por produtores dos EUA, de onde Kode9 acabou de voltar de turnê, praticamente sepultando o estilo.

— Mas não tive problema algum nessa turnê americana, até porque eram eventos do Hyperdub, então todos sabiam o que esperar — diz Kode9. — Gosto muito da chamada cena beat de Los Angeles e também temos uma boa ligação com a turma do footwork, de Chicago.

Neste mês, Kode9 retomou a parceria com o The Spaceape, com quem já havia feito o sensacional “Memories of the future”, de 2006, e também “Black Sun”, de 2011, com o EP “Killing Season”.

Nele, a dupla explora temas como a brutalidade e o peso de lidar com uma doença (Spaceape vinha lutando contra um câncer). Por se tratar de um projeto particular, essas músicas dificilmente fazem parte dos seus sets como DJ.

— De fato, Spaceape lutou contra a doença por cinco anos, então as letras são sobre essa batalha entre vida e morte e todas as coisas envolvidas — explica. — É um trabalho bastante intenso, mas que está ligado a esse contexto.

Tchequirau

Os suecos do GOAT chegam ao segundo disco e em “Commune”, lançado pela Sub Pop, mantém as fusões de estilos (do afrobeat ao krautrock) amarradas pela psicodelia. Ouça “Hide from the Sun”.

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