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segunda-feira

17

novembro 2014

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Transcultura #151: Tipologia // Taylor McFerrin

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Transcultura_OGlobo_RobDraper

Texto na da semana passada da “Transcultura”, coluna que publico todas as sextas no jornal O Globo:

Fonte de emoção
Paixão de designers, desenhos de letras ganham bom espaço em sites e aplicativos de imagens como o Instagram
por Bruno Natal

Tipologia, o estudo da formação dos tipos gráficos é uma espécie de fetiche de designers. O desenho das letras que formam as palavras que você está lendo, por exemplo, é desenvolvido exclusivamente para O Globo por Kris Sowersby. Mundo afora, existem estúdios exclusivamente dedicados à criação de fontes. E existem também os entusiastas, artesãos e colecionadores de fontes.

O Instagram tornou-se um bom canal para esse tipo de obsessão, podendo-se encontrar contas de toda sorte: trabalhos manuais como os de Martina Flor, Jessica Hische, Victoria Alissia, Matthew Tapia e Iris Sabrina; caçadores de fontes no mundo real como Typography Inspired, The Daily Type, The Type Hunter, Andy Clymer e Copenhagen Type; grafismos como os de Dennis Cortes, Ridzamh, Reiko Hirata e Fabián De León; fontes decorativas em 3D no mundo real como as pescadas pelo The Font Hunter e também talentos brasileiros como Jackson Alves, o ateliê Lettepress e os cariocas Haroldinho e Felipe Guga.

Entre os mais destacados em termos de números de seguidores e resposta do público estão o impressionante Seb Lester, com a capacidade de executar em poucos minutos o que custa à maior parte dos seus pares horas e horas, e o inglês Rob Draper, cujo trabalho ilustra essa página.

— Sempre fui fissurado em desenhar, com uma inclinação por letras e palavras. Tinha 10 anos quando o grafite chegou ao Reino Unido, fiquei encantado e acabei me formando em artes e design. Minha inspiração vem por outros trabalhos criativos de fotógrafos, designers, um esquema de cores, uma música, a camiseta de alguém passando na rua ou até o formato do quadro de uma bicicleta — explica Rob.

Impacto na mensagem

Através do Instagram, Rob se conectou a diversos outros pares. Seu trabalho é bastante peculiar. Ao ilustrar com tipologias objetos do dia a dia, como copos descartáveis, rolos de papel higiênico e até pães, Rob dá um novo significado a essas peças:

— Fontes têm o poder de comunicar sentimentos, direção e emoções. Podem tanto ajudar alguém a encontrar seu caminho numa estação de trem quanto determinar a qualidade de um produto a partir da sua embalagem. Na maior parte dos casos, um design malfeito se destaca muito mais que algo bem-feito. Gosto muito do contraste entre produzir um trabalho intrincado e detalhado de tipologia em itens descartáveis do cotidiano. Acredito que o suporte em que uma tipografia é desenvolvida adiciona muito ao impacto geral da mensagem.

Rob enxerga um lugar de destaque para trabalhos manuais na era digital:

— Sinto que tem havido um desejo por “trabalhos artesanais” novamente, já que esse tipo de execução é mais capaz de se alinhar com a mensagem que busca retratar do que uma solução digital pré-existente.

Tchequirau

Estreia de Taylor McFerrin (filho do Bobby “don’t worry, be happy” McFerrin), “Early Riser” faz jus ao nome. Lançado pelo selo Brainfeeder, do Flying Lotus, o disco embarca o ouvinte lentamente numa viagem através do soul, r&b, hip hop, eletrônica e colagens em que Taylor gravou todos os instrumentos. Ouça também “The Antidote”.